A Câmara dos Representantes da Colômbia passou parte da noite de hoje reunida em sessão permanente para votar a convocatória de um referendo que permitiria ao presidente Alvaro Uribe reeleger-se pela segunda vez em 2010. O debate – que teve início ontem e não saiu do impasse depois de mais de oito horas de sessão – persistia nesta quarta-feira em meio a diversas acusações de compra de votos.
O congressista Jorge Enrique Rozo, um dissidente da coalizão governista, denunciou ao plenário da Câmara que, há duas semanas, uma funcionária do governo lhe perguntou o que ele gostaria de receber do governo em troca do seu apoio ao projeto. A acusação de Enrique Rozo soma-se a uma série de denúncias apresentadas pelo Partido Liberal (PL), de centro, e o Polo Democrático, de esquerda, que dizem que Uribe tenta comprar o apoio dos parlamentares com propinas e liberação de recursos para emendas parlamentares.
Na sessão de ontem, governistas calculavam ter pelo menos 85 votos favoráveis, mas o cenário ficou incerto depois que 92 dos 165 deputados declararam-se impedidos de votar. O grupo alega “conflito de interesses” por participar de uma disputa sobre a legalidade do projeto num processo que ainda está sendo analisado pela Corte Suprema de Justiça.
Uribe, de 57 anos, é um advogado de direita que venceu as eleições presidenciais colombianas em 2002. Depois de chegar ao poder, ele mudou a Constituição em 2006 para conseguir o direito a uma primeira reeleição. O presidente colombiano está há sete anos no poder. Se o direito a uma segunda reeleição for aprovado e ele vencer a votação, poderá ficar na presidência por 12 anos. O único presidente latino-americano com mais de dez anos no poder é o venezuelano Hugo Chávez. Mas, na Venezuela, o direito à reeleição é ilimitado.
O projeto foi aprovado no Senado colombiano na semana passada. Se passar na votação da Câmara, seguirá para análise da Corte Constitucional – algo que pode demorar três meses.
Embora nunca tenha dito textualmente que pretende candidatar-se uma terceira vez em 2010, o presidente colombiano nunca desencorajou seus aliados de propor o projeto.