A oposição argentina começou a articular ontem uma estratégia comum para resistir ao projeto de lei da presidente Cristina Kirchner, que pretende declarar o papel-jornal um produto de “interesse público”, o que restringiria a oferta do material aos dois principais jornais da oposição.
O Congresso votará possivelmente na semana que vem o texto que impõe mais controle do Estado sobre o preço, a distribuição e a comercialização do insumo produzido pela empresa Papel Prensa, cujos acionistas são, além do governo, os jornais La Nación e Clarín – os dois mais influentes e mais críticos ao governo de Cristina. Ontem, o deputado Óscar Aguad, da União Cívica Radical (UCR), de centro, alertou que “declarar o papel como algo de interesse público é um passo prévio à desapropriação”.
Na terça-feira, Cristina anunciou que também pedirá à Justiça que processe o Clarín e o La Nación por, segundo ela, terem comprado as ações da Papel Prensa depois que seu antigo dono, o banqueiro David Graiver, foi forçado a vender sua parte sob tortura, em 1976, durante a ditadura militar, o que ambas as empresas negam.
A UCR, a Coalizão Cívica, de centro-esquerda; e o Proposta Republicana (PRO), de centro-direita, anunciaram que mobilizarão seus parlamentares para derrubar qualquer tentativa do governo de aprovar um projeto que imponha controles sobre a produção de papel.