A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Navanethem Pillay, fez um apelo nesta quinta-feira (5) ao Exército do Sri Lanka e aos insurgentes que deixem os civis saírem do norte da ilha, onde milhares de habitantes do Sri Lanka se amontoam em uma estreita faixa costeira junto aos rebeldes Tâmeis em retirada, para fugir do bombardeio das tropas do Exército que mataram dezenas de pessoas nos últimos dias.
O governo rejeita um cessar-fogo e diz que o fim da guerra está próximo, com a derrota dos Tigres Tâmeis. A recente ofensiva do Exército do Sri Lanka já desmantelou o “Estado de fato” que os rebeldes mantinham em parte da ilha, montado pelos Tâmeis, uma minoria étnica de origem indiana que se revoltou contra o governo cingalês na década de 1980.
Sem um sinal do fim do conflito, cresce a preocupação das agências humanitárias de que centenas de milhares de civis estejam sem alimentos no norte da ilha, enquanto o Exército avança em sua ofensiva final para esmagar os rebeldes e acabar uma insurreição de 25 anos. “Há mais de quatro dias que nossa família não come”, disse na manhã de hoje Mary Jacinta Balachandran, de 46 anos, enquanto esperava na porta da única clínica que sobrou em território rebelde. Segundo ela, o seu cunhado foi atingido no estômago durante uma sessão de disparos de artilharia do Exército e está em situação muito grave – não pode ser operado porque os médicos não têm mais os remédios necessários.
Grupo humanitários estimam que 200 mil civis podem estar no território remanescente dos insurgentes, uma área de 50 quilômetros quadrados com praias, lagunas, selvas e alguns poucos vilarejos. Os grupos internacionais pedem que o Exército e os rebeldes deixem os civis saírem da área. O governo afirma que 70 mil civis ainda estão na região.