O promotor do Tribunal Especial para o Líbano (STL, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU), Daniel Bellemare, que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafiq Hariri, disse hoje que o grupo xiita libanês Hezbollah está segurando provas que alegou que implicariam o Estado de Israel no crime.
Bellemare disse que uma série de informações entregues pelo grupo xiita libanês na semana passada estavam “incompletas” e fracassaram em acrescentar qualquer coisa que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, revelou em uma conversa com jornalistas no início deste mês.
Nasrallah mostrou então o que ele diz serem fotografias e imagens interceptadas da espionagem aérea de Israel, que vigiava os movimentos de Hariri em Beirute antes do assassinato do líder libanês, em 2005. Hariri e outras 21 pessoas foram mortas na explosão de uma caminhão-bomba em uma avenida beira-mar da capital libanesa. Nasrallah disse ter mais provas contra os israelenses.
Bellemare pediu ao Hezbollah que entregue todas as informações relevantes à investigação. Na terça-feira passada, seu escritório disse ter recebido apenas seis cópias de DVD que Nasrallah já havia exibido nas emissoras xiitas de televisão do Líbano, mas nenhuma “das provas finais” que afirmou possuir. Israel negou as acusações do Hezbollah, um grupo xiita apoiado pelo Irã, e afirmou que elas eram “ridículas”.
Histórico
Hariri foi um influente milionário e empresário libanês sunita, que após os Acordos de Taif, no final de 1989, que levaram ao fim da Guerra Civil Libanesa, em 1990, liderou o país em um esforço de reconstrução econômica e progressivo afastamento da Síria, que mantinha tropas no Líbano desde 1976.
As suspeitas iniciais pela autoria da morte de Hariri caíram sobre Damasco, que dominou a política libanesa por décadas. Quatro generais pró-Síria foram detidos, mas libertados quatro anos depois porque nada foi provado contra eles.
Bellemare deverá indiciar os suspeitos pela morte de Hariri em breve, possivelmente até o final deste ano. O Hezbollah disse esperar que alguns dos seus militantes sejam indiciados, mas afirma que o tribunal montado pela ONU não possui credibilidade.