Milhares de crianças somalis estão morrendo por causa da extenuante jornada que suas famílias fazem para chegar aos campos de refugiados no Quênia e na Etiópia, disse hoje a agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Trabalhadores humanitários ficam sabendo de suas mortes quando as famílias contam os episódios assim que chegam a um dos superlotados campos de refugiados na fronteira, que atualmente abrigam mais de 382 mil pessoas, afirmou um funcionário da Acnur.
Em outros casos, muitas das crianças chegam tão famintas e frágeis que até mesmo o cuidado emergencial e a alimentação terapêutica que recebem assim que chegam é insuficiente para reavivá-las. Os funcionários dizem que ainda não sabem com exatidão quantas crianças estão morrendo, mas a situação está atingindo proporções inimagináveis. “Nosso pessoal diz que nunca viu nada como isso”, disse a porta-voz da Acnur, Melissa Fleming.
Segundo ela, 54 mil pessoas fugiram da Somália em junho, o triplo do número de pessoas que deixou o país em maio. As famílias de refugiados incluem um número desconhecido de crianças abaixo dos cinco anos que estão morrendo de fome e exaustão. Mais de 135 mil somalis já fugiram da interminável violência em seu país, um problema que se soma a uma das piores secas no leste da África das últimas décadas, disse Fleming.
A Acnur estima que um quarto dos 7,5 milhões de habitantes da Somália estão agora fora de seus locais de origem no interior do país ou vivendo como refugiados no exterior. No campo de Dadaab, no Quênia, por exemplo, 1.400 refugiados chegam a cada dia. Cerca de 9 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária nos países atingidos pela seca no Chifre da África, que passa por uma das piores secas desde o início da década de 1950, disse o escritório de coordenação de ajuda humanitária da ONU.
O índice de desnutrição infantil atingiu o nível emergencial de 15% em algumas áreas, disse o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários, que cita a falta de comida como o principal fator no aumento de pessoas que deixam a Somália em busca de ajuda. As informações são da Associated Press.