Um painel da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre racismo avaliou nesta sexta-feira (7) que os Estados Unidos têm a obrigação de assegurar a estrangeiros detidos por acusações de terrorismo as mesmas garantias legais e acesso ao Judiciário disponíveis aos cidadãos norte-americanos. O Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial avaliou que o fracasso em garantir o respeito esses direitos violaria uma convenção internacional sobre a eliminação da discriminação racial.

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Em particular, o comitê informou estar preocupado com a prática da CIA (agência norte-americana de inteligência) conhecida como "rendição extraordinária", por meio da qual suspeitos de terrorismo detidos no exterior são levados a terceiros países onde grupos de direitos humanos alegam que eles estariam sujeitos a sofrer tortura. Esses detentos não têm tido o mesmo acesso à revisão judicial das detenções e a reclamar de violações de direitos humanos, em comparação com os cidadãos norte-americanos de acordo com as leis do país, concluiu o painel.

O comitê, formado por 18 especialistas independentes e não remunerados, publicou suas conclusões hoje. Os especialistas periodicamente revisam a performance de cada país signatário da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965. As conclusões do grupo informam que os países signatários do tratado devem "assegurar que medidas tomadas na luta contra o terrorismo não discriminem nos termos de raça, cor ascendência ou origem nacional ou étnica".

Funcionários da administração norte-americana que compareceram ante o painel duas semanas atrás rejeitaram qualquer ligação entre discriminação racial e o tratamento do país aos estrangeiros suspeitos de terrorismo. Segundo o comitê, os EUA devem tomar medidas urgentes "para garantir os direitos aos detentos estrangeiros mantidos como ‘combatentes inimigos’ à revisão judicial envolvendo a legalidade e condições da detenção bem como de seus direitos para pedir indenizações por violações de direitos humanos".

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Detentos suspeitos de terrorismo devem também estar "efetivamente protegidos pela lei interna", de acordo com os padrões dos direitos humanos internacionais, avaliou o painel. Sob o programa de rendição – que veio a público em 2005, com a revelação de que a CIA havia operado em prisões secretas fora do território dos EUA para manter detentos -, suspeitos são transportados em vôos de um país para outro, geralmente em segredo, sem o benefício do trâmite aberto de seus processos.

A delegação norte-americana informou ao painel que os vôos não estão no escopo do tratado de 1965. Funcionários norte-americanos precisaram que aproximadamente 150 dos mais perigosos suspeitos de terrorismo foram transportados por via aérea de um país para o outro, mas asseguraram que eles tiveram "garantias diplomáticas" de autoridades dos outros países de que eles não torturariam os detentos recebidos.

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