Os Jogos Olímpicos de Pequim sofrem mais um ataque. Nesta terça-feira (8), a ONU criticou a deportação de refugiados pela polícia da China e alertou que medidas de segurança para a Olimpíada não podem significar uma violações dos direitos humanos desses refugiados.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, 15 refugiados foram deportados pelos chineses apenas neste ano em ações supostamente para manter a segurança antes dos Jogos Olímpicos, que serão realizados em agosto.
O caso mais recente foi de um garoto de 17 anos do Paquistão, que foi retirado de sua casa em Pequim no último dia 3 de abril e enviado ao seu país de origem. A deportação teria ocorrido mesmo diante do reconhecimento de que o rapaz gozava do status de refugiado.
Jennifer Pagonis, porta-voz da ONU para os temas relacionados aos refugiados, revelou que os demais refugiados deportados pelos chineses foram enviados ao Iraque e Sri Lanka. "Tudo indica que essas deportações estão ocorrendo por causa das medidas de segurança antes da Olimpíada. Isso é profundamente preocupante que esteja ocorrendo", afirmou ela.
Segundo a porta-voz, a China assinou os acordos da ONU que garantem os direitos dos refugiados e impede que essas pessoas sejam mandadas de volta a seus países à força, como tem sido feito atualmente em Pequim. "Sempre nos preocupamos quando um refugiado é enviado de volta a seu país. Isso não deveria ocorrer", alertou Jennifer Pagonis.
O status de refugiado é dado exatamente para garantir que alguém que esteja sendo ameaçado em seu país não seja obrigado a retornar para seu local de origem, onde correria risco de vida.
A ONU confirmou que enviou uma carta oficial ao governo da China para saber o motivo da deportação do paquistanês de 17 anos. E, até agora, não recebeu uma resposta.
Enquanto isso, a onda de deportações está gerando preocupações crescentes entre os refugiados que hoje vivem em Pequim. "Muitos estão se sentindo intimidados", afirmou a porta-voz da ONU.
Ataques
A crítica da ONU é apenas mais uma na lista cada vez maior de pressões da comunidade internacional sobre a China. Ambientalistas e até alguns atletas se queixam da poluição do ar em Pequim, enquanto ativistas de direitos humanos atacam o governo chinês por estar sediando os Jogos Olímpicos ao mesmo tempo em que mantém uma forte censura sobre os meios de comunicação.
Mais recentemente, a violência chinesa no Tibete despertou a ira de manifestantes, que protestam em cada cidade em que a tocha olímpica passa em seu revezamento pelo mundo. E existe até um movimento entre políticos europeus para um possível boicote à cerimônia de abertura da Olimpíada de Pequim, no dia 8 de agosto.
