No momento em que o continente africano se prepara para receber, pela primeira vez, uma Copa do Mundo, investigações realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por uma organização não-governamental (ONG) independente comprovam que um estádio de futebol foi usado, há três meses, para perpetuar um massacre que pode ter deixado até 200 mortos.

continua após a publicidade

A matança ocorreu em Conacri, capital da Guiné – ex-colônia francesa de 10 milhões de habitantes situada no oeste africano. O estádio da capital foi invadido por soldados do Exército durante um protesto pacífico, convocado por civis, pedindo democracia. Além de abrir fogo contra a multidão, soldados estupraram mulheres no gramado e executaram civis nos vestiários e até nas arquibancadas.

A porta-voz da ONU, Helena Ponomareva, confirmou na semana passada em Genebra que há indicações de envolvimento oficial do Exército no massacre. Segundo ela, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, está a par da investigação e deve anunciar medidas nos próximos dias. De acordo com o relatório, o governo tentou camuflar o massacre, retirando dezenas de corpos do estádio.

Guiné vive uma das ditaduras militares mais violentas do continente africano. O líder da junta que comanda o país, capitão Moussa Dadis Camara, é conhecido por sua truculência. Ele tomou o poder em dezembro do ano passado, após a morte do presidente Lansana Conte – um general que governava Guiné desde 1984.

continua após a publicidade

Baleado

Camara, o atual ditador, foi baleado há duas semanas por seu principal assessor, Abubakar Toumba Diakite, que fugiu. O líder da junta sobreviveu, mas foi seriamente ferido. A rádios francesas, Diakite explicou que atirou em Camara para tentar se defender do que ele acredita ser uma campanha do presidente para jogar nele a responsabilidade pelo massacre no estádio de Conacri.

continua após a publicidade

O protesto que levou à matança ocorreu em 28 de setembro e foi convocado como uma grande festa cívica pela volta da democracia. O estádio estava lotado quando um grupo de soldados entrou em campo atirando e batendo em quem encontrava pela frente.