A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou ontem a Itália por violação do direito internacional ao “abandonar e rejeitar” imigrantes “sem que seja verificado de modo adequado se eles estão fugindo por perseguição”. Ela criticou a “política de confronto” e pediu o fim dos “maus-tratos” contra os clandestinos. A crítica é motivada pelas leis restritivas aprovadas nos últimos dois anos no país.
A alta comissária lembrou a morte por inanição, em agosto, de 73 imigrantes eritreus, cujo país vive em guerra civil. Segundo os cinco sobreviventes, a embarcação permaneceu à deriva no Mar Mediterrâneo durante 20 dias, sem ser socorrida pelas guardas costeiras da Itália, Malta e Líbia. “Em muitos casos, as autoridades rejeitam os imigrantes, deixando-os enfrentar dificuldades e perigos, senão a morte, como se tripulassem barcos cheios de rejeitos perigosos”, disse Navi. Segundo o relatório da ONU, 16 países da União Europeia desrespeitam os direitos dos imigrantes, citando França, Irlanda, Portugal, Espanha e Grã-Bretanha.
A embaixadora italiana na ONU, Laura Mirachian, defendeu o país, alegando que a Itália resgatou 52 mil migrantes no mar em dois anos. “Mas reconhecemos a situação dramática”, disse. Ela também justificou a posição italiana dizendo que a experiência de receber imigrantes é recente e, portanto, o país está se adaptando. Para Laura, a questão central para resolver o problema é criar desenvolvimento nos países de origem.