O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, demonstrou "séria preocupação" nesta terça-feira ao se pronunciar sobre relatório da organização não-governamental (ONG) Save the Children que apresenta evidências de abusos sexuais de crianças por capacetes azuis da ONU e por trabalhadores de entidades internacionais de ajuda. O trabalho da Save the Children é baseado em pesquisas de campo realizadas no sul do Sudão, na Costa do Marfim e no Haiti. O documento descreve vários abusos sexuais contra crianças, algumas delas com idades de apenas 6 anos.

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O estudo é apoiado em entrevistas confidenciais, discussões em grupo e pesquisas conduzidas no último ano. O grupo alertou que não produziu estatísticas abrangentes sobre a escala dos abusos, mas reuniu material de modo a indicar que o problema é grave. Segundo a entidade, algumas crianças só ganhavam comida em troca de favores sexuais. Outras eram forçadas a praticar sexo ou a participar de vídeos de pornografia infantil.

Muitas outras eram beijadas e tocadas de modo impróprio. "Uma pequena porcentagem dos capacetes azuis e funcionários humanitários está abusando das crianças que eles foram enviados para proteger", disse Jasmine Whitbread, executiva-chefe da Save the Children UK. "Varia de sexo por comida à coerção pelo sexo. É desprezível.

Segundo o relatório, mais da metade das crianças entrevistadas sabia de casos de abuso sexual. Muitas das crianças sabiam de dez ou mais casos de abuso praticados por capacetes azuis ou funcionários humanitários.

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"Nós saudamos esse relatório. É justo e eu acredito que é essencialmente preciso", disse Michele Montas, porta-voz da ONU, na sede do órgão, em Nova York. Segundo ela, a ONU precisa fortalecer sua capacidade de investigar e combater de forma mais efetiva esse problema.