Os mortos que foram bons em vida estão no céu, ao lado de Deus-Pai. Já os falecidos crápulas, nas profundezas do inferno, dentro de imensos caldeirões ardentes, sob os olhos satisfeitos de Satanás. Essa é, sem dúvida, a crença da grande maioria. Para outros, bons ou maus, os mortos já se encontram reencarnados. Outros, tantos (ou parte dos mesmos), acreditam que muitos são hoje belos espíritos de luz. Para mim, particularmente, e para pouquíssimos outros, valorosos ou não, os mortos estão apenas mortos.
Analisemos, pois, essa questão sob a ótica cristã. Está escrito que, no fim dos tempos, Cristo descerá dos céus para julgar os vivos e os mortos. Nesse dia, o famoso dia do juízo final, Ele separará o joio (e ponha joio nisso) do trigo. Só aí ocorrerá a prometida ressurreição da carne. Como se vê, com todo o respeito às convicções divergentes, essas palavras desfazem a esperança de que poderemos ascender aos céus logo após a morte e, menos ainda, que reencarnaremos prontamente. Como no Novo Testamento é mencionada a expressão ?ressurreição da carne?, é óbvio que se houver alguma ressurreição, esta terá que ser feita a partir dessa carne que temos hoje. Em outras palavras, por um milagre divino teremos nossos restos mortais totalmente reconstituídos para que, em pé e dignamente, possamos assistir ao julgamento final do nosso destino eterno, seja ele qual for.
Salvo melhor interpretação, quem tenta seguir as palavras de Cristo deveria conformar-se com o fato de que, por ora ao menos, os mortos estão ainda onde foram deixados, debaixo da terra, simplesmente mortos.
Djalma Filho é advogado
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