O número de pessoas que se tratam com medicamentos contra o vírus HIV, causador da aids, registrou um aumento recorde de 1,2 milhão de pacientes no ano passado, atingindo 5,2 milhões de pessoas, informou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre 2003 e 2010, o número de pacientes que recebem tratamento com antirretrovirais aumentou 20 vezes, disse a organização, sediada em Genebra. “Estamos muito encorajados com esse aumento, é na verdade o maior que vimos em um único ano”, disse Gottfried Hirnschall, diretor de HIV/AIDS da OMS.
Ele disse que o aumento foi decorrente da melhoria do acesso ao tratamento em todo o mundo. O progresso foi mais significativo na região da África subsaariana. “Obviamente, trata-se do lugar onde as necessidades são maiores em termos numéricos, mas foi realmente onde vimos o maior aumento em termos de acesso a tratamento”, disse Hirnschall.
Não apenas os líderes africanos compreenderam a seriedade da situação e demonstraram comprometimento político, houve também solidariedade internacional no que diz respeito ao financiamento de projetos na região, lembrou ele. Mas “ainda há um longo caminho a percorrer”, advertiu Hirnschall, que está em Viena para uma conferência internacional sobre aids.
Europa
No Leste Europeu, há menos pessoas em tratamento, em termos proporcionais, do que em outras partes do mundo. Isso ocorre porque usuários de drogas geralmente não são incluídos ou recebem acesso insuficiente aos medicamentos, disse ele. Usuários de drogas são “obviamente um grupo que sofre injustiças e violações dos Direitos Humanos, e isso é uma séria preocupação para nós”, afirmou Hirnschall.
Enquanto na África a aids é uma epidemia principalmente heterossexual, no leste da Europa muitas infecções acontecem pela injeção de drogas. Estatísticas completas sobre a situação global da doença serão divulgadas pela OMS em setembro.
O grupo Médicos Sem Fronteiras achou positiva a notícia do aumento de pacientes que receberam tratamento para aids em 2009, mas advertiu que a manutenção pode ser prejudicada pela falta de recursos.
Tido von Schoen-Angerer, que lidera uma campanha do grupo pelo acesso a medicamentos essenciais, disse que já há sinais de problemas com financiamento, como em Uganda, onde clínicas estão sendo forçadas a dispensar pacientes. “Há o temor de que isso aconteça em escala maior”, disse.