A oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conceder abrigo à iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, tornou o caso conhecido dentro do próprio Irã, segundo matéria publicada ontem pelo jornal britânico The Guardian.
Segundo Sajad, um dos dois filhos de Ashtiani, logo depois da declaração do presidente brasileiro, funcionários iranianos telefonaram para ele dizendo que o caso de sua mãe seria resolvido em uma semana. “O tom usado por eles foi mais educado do que antes”, disse. “Após a declaração do presidente Lula, pela primeira vez as agências de notícias iranianas falaram sobre a condenação de minha mãe, e isso mostra o quão importante o Brasil é para o Irã”, acrescentou.
A oferta de Lula foi citada pela agência de notícias semioficial Fars, e pela primeira vez foi dito que Ashtiani foi sentenciada à morte por apedrejamento por ter cometido adultério. Geralmente, a palavra “apedrejamento” é censurada, ressaltou o jornal britânico.
Ashtiani, de 43 anos, está presa no Irã desde maio de 2006, quando um tribunal na província do Azerbaijão Ocidental a considerou culpada por manter “relações ilícitas” com dois homens após a morte de seu marido. O caso ganhou notoriedade, mas o site da Guarda Revolucionária Iraniana reagiu em tom crítico. “O presidente brasileiro está sob influência da propaganda ocidental e interferiu nos assuntos internos do Irã”.
“Eu não acho que o Irã pode ignorar o Brasil como fez com outros países”, disse Sajad, ao Guardian. “É muito importante que o Brasil, como um dos mais importantes aliados do Irã em todo o mundo, tenha oferecido refúgio para minha mãe”.