O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, qualificou hoje como “gravíssimos” os planos para assassinar o presidente Evo Morales, denunciados pelo governo boliviano. Após reunião com o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, o secretário disse que “há evidências claras de que existiu um grupo que tentou (perpetrar) atentados terroristas na Bolívia contra o presidente, o vice-presidente e outras pessoas do governo e provavelmente outras ações com o fim da desestabilização do governo constitucional da Bolívia”.
A OEA está “condenando muito, muito decididamente esse tipo de ações”, afirmou Insulza a jornalistas. Choquehuanca, por sua vez, disse que o governo dispunha de “informação” que dava conta desses planos e por isso foi deflagrada ontem uma operação policial. O ministro não forneceu detalhes e informou que a investigação estava apenas começando, não sendo ainda possível saber quem exatamente está por trás do complô. Ambos participam em Trinidad e Tobago da Cúpula das Américas, que começou hoje e vai até domingo, onde estão reunidos 34 chefes de Estado da região.
“Há grupos de poder, que são donos dos meios de comunicação, que adquiriram ilegalmente grandes extensões de terra, que não acompanham esse processo (do governo Morales), não querem o êxito desse processo”, apontou Choquehuanca. Segundo o ministro, esses opositores “têm medo do povo, não querem eleições. “Há um desespero e nós tínhamos informação de que estavam organizando ações para afetar a institucionalidade democrática, gerar um clima de instabilidade e atentar contra a vida do presidente, do vice-presidente e de outros membros do Poder Executivo.”
Em La Paz, o boliviano de origem croata Mario Francisco Tadik Astorga e o húngaro Elot Toazo concluíram hoje suas declarações aos promotores. Ambos foram detidos na operação policial de ontem, na cidade de Santa Cruz de la Sierra, no leste do país. Outros três homens morreram em confronto com a polícia em um hotel do centro de Santa Cruz. Os agentes confiscaram armas, explosivos e munições do grupo, segundo o comandante da polícia, general Víctor Hugo Escobar. Nem a corporação nem o governo informaram quem financiava o grupo e desde quando os suspeitos estavam no país.