O Comitê de Relações Exteriores da Rússia declarou hoje que a pressão feita sobre o ditador da Síria, Bashar al Assad, é resultado da falta de soluções do Ocidente para o confronto entre o regime e a oposição no país árabe.
O presidente da comissão, Alexei Pushkov, disse que os pedidos dos Estados Unidos e de países da Europa para a renúncia de Assad são “irresponsáveis”. “O Ocidente não possui nenhuma política de fato para a Síria, Vocês têm sorte de terem a Rússia, porque têm a possibilidade de culpar alguém por não solucionar a crise”.
O parlamentar ainda criticou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pela insistência em pedir a saída do ditador. “Ela diz que Assad deve sair. Isso é uma política? O que vai acontecer depois?”.
Pushkov considera que o conflito com a Síria deve ser visto “com as mesmas lentes que as do Iraque e da Líbia”, acrescentando que a intervenção no Iraque foi “uma grande fraude” pela qual ninguém foi responsabilizado.
Apesar das críticas, o deputado não apresentou plano e disse que as opções no país são limitadas. “Não penso que haja uma resposta clara, Se você me pergunta se eu tenho o plano na mesa, eu diria que não, porque ninguém tem.”
A Rússia vê como opção para a Síria o modelo de transição do Iêmen, em que o ditador Ali Abdullah Saleh saiu do poder após ter garantida sua imunidade para processos judiciais.
Helicópteros
Hoje, os Estados Unidos reconheceram que erraram ao dizer que a Rússia teria vendido helicópteros para a Síria. De acordo com a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, a intenção da secretária Hillary Clinton era acusar a Rússia de reformar as aeronaves para o regime sírio.
Nuland afirmou que os três aparelhos vistos indo para o país árabe foram restauradas, conforme foi confirmado nesta manhã pelo fabricante russo Rosoboronexport.
“Na nossa perspectiva, a secretária de Estado não indicou em momento algum que eram novas, simplesmente afirmou que estava preocupada com o fornecimento de helicópteros da Rússia para a Síria”, disse a porta-voz, ressaltando que a preocupação americana é a mesma independente da natureza das aeronaves.
Apesar da crise causada pelos helicópteros, que aumentou o atrito entre Moscou e Washington, a secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que o país manteve “conversas construtivas” com a Rússia, mas pediu mais ações após os 15 meses de conflitos na Síria.
Mencionando um encontro do secretário adjunto Bill Burns com o chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que os países “não coincidem em todos os temas, mas nossas conversas continuam”.