Os mercados financeiros podem enfrentar períodos de “considerável turbulência” enquanto os bancos centrais de economias desenvolvidas se preparam para reverter os programas de estímulo que colocaram em prática em seguida à crise de 2008, afirmou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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Em seu relatório anual sobre empréstimos dos governos, a instituição disse que as agências responsáveis pela venda de bônus soberanos terão de cooperar com os bancos centrais para garantir que a retirada desses programas seja a mais suave possível.

No entanto, segundo a OCDE, as agências e os bancos centrais enfrentam enormes desafios em comunicar suas intenções aos investidores sem provocar um forte aumento nos yields (retorno ao investidor) dos bônus dos governos e outras formas de volatilidade prejudiciais aos preços dos ativos.

A OCDE afirmou que, como resultado dos programas de estímulo, o Federal Reserve (banco central dos EUA) possuía US$ 2,15 trilhões em bônus do Tesouro norte-americano em novembro do ano passado e o Banco do Japão (BoJ) deverá ter 190 trilhões de ienes (US$ 1,86 trilhão) em bônus do governo japonês até o fim deste ano. O Banco da Inglaterra (BoE), por sua vez, vem comprando 375 bilhões de libras (US$ 622,91 bilhões) em bônus do governo do Reino Unido.

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Os bancos centrais precisam decidir quais porções desses ativos irão vender e em que período de tempo. Segundo a OCDE, as vendas de bônus pelos bancos centrais provavelmente ocorrerão quando as necessidades de empréstimos dos governos estiverem altas, resultando em aumento nas taxas de juros. A reação dos investidores aos recentes movimentos do Fed para reduzir seu programa de estímulo, porém, mostram o risco de os juros subirem antes e mais rapidamente do que o esperado, possivelmente prejudicando a recuperação da economia.

De acordo com a OCDE, tendo em vista a novidade que é a redução das compras de ativos pelo Federal Reserve e a reversão dos programas de estímulos, poderá ser impossível para os bancos centrais anunciarem mudanças políticas sem provocar turbulências nos mercados financeiros. Para minimizar os problemas nos mercados, os bancos centrais, os governos e as agências de gerenciamento de dívida deveriam trabalhar juntos para comunicar suas intenções o mais claramente possível, defendeu a OCDE.

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“O fracasso em fazer isso pode não apenas afetar adversamente a credibilidade da estratégia de saída monetária e fiscal, mas também gerar uma volta dos mercados disfuncionais, incluindo mais estresse nos mercados interbancários e nos mercados de dívida soberana”, afirmou a organização. Fonte: Dow Jones Newswires.