O pior derramamento de petróleo da história dos EUA em décadas segue sem ser contido, o que faz aumentar o medo de que mais óleo do que o estimado esteja vazando. O presidente Barack Obama visitará a Costa do Golfo na manhã de amanhã para inteirar-se da situação e dos esforço que estão sendo feitos para conter a mancha.
A Guarda Costeira dos EUA estima que pelo menos 6,06 milhões de litros de petróleo vazaram da plataforma desde 20 de abril, quando uma explosão matou 11 funcionários da petroleira britânica BP. No maior acidente ambiental da história dos EUA, em 1989, a Exxon derramou 42 milhões de litros de óleo na costa do Alasca.
No plano para o poço Deepwater Horizon, encaminhado ao Serviço de Gerenciamento de Minérios do governo dos EUA no ano passado, a BP afirma repetidamente que “é improvável que ocorra um derramamento acidental com as atividades propostas”. A empresa reconhece no documento que um vazamento impactaria praias e refúgios da vida selvagem, mas argumenta que, “por causa da distância da costa (quase 77 quilômetros) e das respostas que seriam implementadas, nenhum impacto adverso significativo é esperado”.
O advogado Robert Wiygul, membro do conselho da Rede de Restauração do Golfo, disse que não vê nada no documento que indique que a BP tenha abordado o tipo de tecnologia necessária para controlar um derramamento, nem sobre a profundidade da água. “O ponto é que, se você vai perfurar a uma profundidade de 1.524 metros, você precisa ter capacidade para controlar o que está fazendo”, disse ele.
O vazamento, que tem mais de 209 quilômetros de comprimento e 112 quilômetros de largura, ameaça centenas de espécies de animais, como pássaros, golfinhos, peixes, camarões, ostras e caranguejos, que fazem da Costa do Golfo uma das fontes mais abundantes de frutos do mar dos EUA. Por causa do risco de contaminação, a Louisiana fechou algumas fazendas de pesca e locais de produção de ostra.
Um especialista disse ontem que o volume de petróleo que está vazando a cerca de 5 mil pés (1,5 mil metros) abaixo da superfície pode ser maior do que os 5 mil barris por dia estimados e crescer ainda mais, caso piore a corrosão no equipamento de perfuração.
O professor de Oceanografia Ian R. MacDonald, da Universidade do Estado da Flórida, disse que seu estudo de dados da Guarda Costeira e imagens de satélite indicam que até 34 milhões de litros de óleo já haviam vazado até quarta-feira. “Espero estar errado. Espero que tenha vazado menos petróleo do que isso. Mas é a essa conclusão que eu chego quando vejo os números”, afirmou.
Embora a causa da explosão esteja sendo investigada, muitas das mais de duas dezenas de processos judiciais encaminhados após a explosão da plataforma alegam que o incidente ocorreu quando os funcionários da prestadora de serviços Halliburton cobriu inadequadamente o poço, um processo conhecido como cimentação. A Halliburton nega que tenha feito isso.
Os esforços para conter o desastre são prejudicados pelo tempo. O mar está bravio e os ventos, fortes demais para queimar o óleo, sugá-lo de maneira eficiente ou para contê-lo com boias.