Diante de uma série de guerras no exterior e de uma grave crise orçamentária interna, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou hoje uma importante reforma em sua equipe de segurança nacional. Obama indicou o atual diretor-geral da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês), Leon Panetta, para substituir o secretário de Defesa Robert Gates à frente do Pentágono depois que este se aposentar, o que deve ocorrer em algumas semanas. Para o lugar de Panetta à frente da CIA, Obama indicou o general David Petraeus, atual comandante das guerras travadas pelos EUA no Iraque e no Afeganistão.
“Estes são os líderes que eu escolhi para nos ajudar a atravessar os dias difíceis que teremos pela frente”, declarou Obama em cerimônia na Casa Branca, durante a qual estava acompanhado de Gates, Panetta, Petraeus e outras importantes autoridades norte-americanas. “Recorrerei a eles e a toda a minha equipe de segurança nacional em busca dos conselhos, da continuidade e da união de esforços que este momento da história exige”, prosseguiu Obama.
A dança das cadeiras da equipe de segurança nacional norte-americana exige aprovação do Senado. O objetivo aparente de Obama é garantir o maior grau possível de continuidade em suas políticas, instalando em novos cargos alguns nomes de confiança já acostumados com as diretrizes do governo nas questões de diplomacia e guerra.
O trabalho de Petraeus será continuado pelo general de divisão John Allen, do Corpo de Fuzileiros Navais, atual vice-comandante do Comando Central dos EUA, que supervisiona as operações militares norte-americanas em todo o Oriente Médio, inclusive no Afeganistão, no Paquistão e no Iraque. O experiente diplomata Ryan Crocker será o novo embaixador norte-americano no Afeganistão.
A tão esperada reorganização corresponde menos a uma reforma e mais a uma troca de posições entre uma equipe que, na avaliação da Casa Branca, já fez um bom trabalho na organização da redução das operações americanas no Iraque e na ampliação do efetivo americano no Afeganistão, e que agora se prepara para dar início a uma retirada gradual deste país. Os membros da equipe já administraram também as ocasionalmente tensas relações com o Paquistão e outros países.
Uma fonte no governo enfatizou que o objetivo das mudanças é preservar as diretrizes de Obama para o Afeganistão e outras regiões, evitando que fossem alteradas.
“A Casa Branca manterá uma continuidade em várias frentes”, disse John Nagl, presidente do Center for a New American Security, uma organização de pesquisas de Washington. “Todos os que serão nomeados para novos cargos são antigos participantes deste jogo. Já trabalham com estas questões há algum tempo.”
As mudanças foram motivadas pela intenção de Gates de aposentar-se no meio deste ano. Republicano nomeado para o cargo pelo então presidente George W. Bush, o respeitadíssimo secretário da Defesa quis deixar o posto quando Obama assumiu a presidência, mas este o convenceu a permanecer no governo. Gates marcou a data de sua partida para 30 de junho, e a partir de então Panetta atuará como seu substituto.
De acordo com a fonte no alto escalão do governo, o próprio Panetta teve de ser convencido a aceitar a chefia do Pentágono. Segundo a fonte, o congressista democrata da Califórnia – que já trabalhou como chefe de gabinete da Casa Branca e também como diretor orçamentário – se mostrou relutante em deixar um cargo do qual gostava, mas atendeu ao pedido do presidente.
A opção de Obama por Panetta, que foi o encarregado do orçamento durante a presidência do democrata Bill Clinton, sugere que o presidente enxerga o corte de gastos no Pentágono como um desafio mais árduo para o país do que as guerras no Afeganistão e no Iraque.
Ainda não se sabe se as alterações na cúpula da equipe de Obama responsável pela segurança nacional terão algum efeito prático sobre o plano do presidente de transferir ao governo afegão a tarefa de manter a segurança no próprio país até o fim de 2014 – processo que teve início este ano.
Esta transição do controle para as forças afegãs deve ocorrer junto com a redução do efetivo de aproximadamente 100 mil soldados americanos presente no Afeganistão, que deve ter início em julho.
