O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, negou ontem que sua decisão de recuar na construção de um escudo antimíssil no Leste Europeu tenha sido para agradar a Rússia. O objetivo, segundo o chefe da Casa Branca, não era conseguir apoio de Moscou em outras iniciativas consideradas mais importantes, como acordos para o desarmamento e não-proliferação nuclear e possíveis sanções contra o Irã e a Coreia do Norte.
“A Rússia sempre esteve paranoica, mas George W. Bush estava correto, não era uma ameaça contra eles”, disse o presidente, em um raro elogio ao seu antecessor. Segundo Obama, sua missão “não era negociar com os russos”. “Os russos não determinam qual deve ser a nossa política de defesa. Nós tomamos a decisão sobre a melhor maneira de proteger os norte-americanos, nossas tropas na Europa e nossos aliados”, disse. “Se a consequência disso é a Rússia se sentir menos paranoica e disposta a trabalhar mais efetivamente conosco para lidar com o programa nuclear iraniano, então isso é um bônus”, acrescentou.
A afirmação foi feita à TV CBS, uma das cinco emissoras às quais concedeu entrevistas ontem, em antecipação a seu discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na quarta-feira. A presença do líder norte-americano aumentou em 25% o número de jornalistas credenciados para a cúpula – e o total de chefes de Estado deve bater recorde.
Obama será a grande estrela do evento. Sua queda de popularidade nos EUA ainda não se refletiu no exterior, onde é um dos mais admirados presidentes norte-americanos nas últimas décadas. Com agenda cheia, Obama também presidirá, na quinta-feira, uma reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU que deve aprovar uma resolução a favor da não-proliferação nuclear. Além disso, o norte-americano mediará um encontro, em Nova York, do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.