Durante uma rápida visita surpresa ao Afeganistão neste domingo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigiu responsabilidade dos líderes do país, maior vigilância contra a corrupção e melhor administração, uma vez que ele ampliou o envolvimento americano na guerra de 8 anos herdada pelo seu governo.

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Na sua primeira visita ao Afeganistão como presidente, Obama ficou apenas cinco horas no solo, durante o qual ele se reuniu com o presidente afegão, Hamid Karzai, e fez um discurso às tropas americanas no país, para agradecer os seus esforços no combate ao Taleban e a Al-Qaeda. A viagem foi feita em segredo por motivos de segurança.

Obama disse que os Estados Unidos não vão desistir do Afeganistão, mas deixou claro que está buscando um fim para o envolvimento direto nos combates contra os extremistas do Taleban e da Al-Qaeda. Ele destacou aqueles pontos no encontro com o presidente Karzai e seu Gabinete em Cabul e em um discurso diante de 2.500 soldados e civis na Base Aérea Bagram, ao norte da capital.

Pelo menos 945 militares americanos morreram no Afeganistão, Paquistão e Usbequistão como resultado da invasão do primeiro país pelos Estados Unidos no final de 2001, segundo uma contagem da Associated Press. O número de soldados americanos mortos no Afeganistão quase que dobrou nos primeiros três meses deste ano, comparado com igual período em 2009, quando Washington aumentou em dezenas de milhares de soldados o número de tropas no país para reverter o crescimento do Taleban.

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“Os Estados Unidos são um parceiro, mas nossa intenção é garantir que os afegãos terão a capacidade de proporcionar sua própria segurança, esse é o núcleo de nossa missão”, disse Obama as tropas em Bagram, onde foi saudado com fortes aplausos. O presidente disse que nunca enviaria americanos ao exterior para combater a menos que houvesse uma ameaça convincente. Ele disse que se o Taleban tomar o Afeganistão isso colocaria mais americanos em perigo.

“Os afegãos vêm sofrendo há décadas”, disse Obama, “décadas de guerra, mas estamos aqui para ajudar os afegãos a forjarem uma paz conquistada com muita luta.” O discurso de Obama as tropas foi o evento final de sua breve visita – a primeira de sua presidência – que ocorreu durante o período da noite no Afeganistão.

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Mais cedo, em um discurso público no palácio presidencial, Obama disse à Karzai e seu Gabinete que estava satisfeito com os progressos feitos desde sua última discussão com o líder afegão, por meio de uma videoconferência realizada em 15 de março. Obama convidou Karzai a visitar Washington em 12 de maio. Ele também elogiou as recentes medidas na campanha militar contra os insurgentes. Contudo, ele destacou que os afegãos precisam ver uma melhora nas condições de vida.

“Progressos continuarão a ser feitos… Mas também queremos continuar a fazer progressos na frente civil”, disse Obama, referindo-se aos esforços de combate á corrupção, melhor governança e cumprimento das regras da lei. “Todas essas coisas acabarão resultando em um Afeganistão que será mais próspero e seguro”, disse o presidente americano, após um breve encontro com Karzai.

O presidente afegão prometeu que seu país “vai avançar para o futuro” para no final assumir sua própria segurança. Karzai também agradeceu Obama pela intervenção dos Estados Unidos em seu país. Ele disse que começou a estabelecer instituições nacionais com mais credibilidade sobre corrupção e deixou claro que pretende fazer nomeações aos Ministérios que sejam mais representativas da variedade étnica e geográfica do país.

Os Estados Unidos também querem que Karzai corte o fluxo de dinheiro da produção da papoula e tráfico de drogas que sustentam a insurgência. Além disso, Washington está pressionando Karzai a criar um sistema judiciário eficaz, com credibilidade, e a suspender os sistema de favoritismo e recompensa aos senhores da guerra nas contratações do governo. Os dois vice-presidentes de Karzai foram senhores da guerra, cujas forças supostamente mataram milhares de pessoas na guerra civil que tomou o país nos anos 1990 e que abriu caminho para a ascensão do Taleban.

A Casa Branca insistiu que o Gabinete de Karzai participasse do encontro com Obama. O Gabinete inclui um número de ministros favorecidos pelos Estados Unidos, incluindo o ministro de Finanças, Interior e de Defesa, a quem a administração Obama quer dar mais poder como forma de reduzir a influência dos compadres da presidência. Alguns talentosos administradores afegão se queixam que Karzai os marginaliza em uma tentativa de solidificar seus poderes.

Obama desembarcou no Afeganistão depois de voar a noite inteira de Washington. Na Base Aérea de Bagram ele embarcou em um helicóptero em direção à capital e, então de volta a base, em sua segunda parada em uma zona de guerra como comandante em chefe dos Estados Unidos. Há um ano, Obama fez uma viagem similar ao Iraque.

A viagem surpresa a Cabul ocorre dois dias depois de uma nova mensagem de áudio contendo ameaças do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, que, acredita-se, está escondido em algum lugar na fronteira do Afeganistão com o Paquistão. Com informações da Dow Jones.