Em meia hora de discurso, que pareceu mais uma mensagem de política externa, segundo o Wall Street Journal, o presidente americano Barack Obama se apresentou ao parlamento de Gana, hoje, com as cores vivas locais como pano de fundo e o barulho da multidão exultante do lado de fora. Obama elogiou Gana por sua democracia e estabilidade, e o crescimento econômico que está começando a surgir. Mas ele não deixou de fora os problemas do continente, do tribalismo à brutalidade, da repressão e corrupção. Nem mesmo hesitou ao atribuir a culpa. “O Ocidente não é responsável pela destruição da economia do Zimbábue na última década, ou guerras nas quais crianças foram alistadas como combatentes”, declarou.
Obama citou quatro áreas em que os EUA iriam firmar parcerias com a África subsahariana para promover seu desenvolvimento sustentado: apoio à governança democrática; ajuda que promova a autossuficiência e não a dependência; resolução de conflitos; e saúde pública. Para saúde pública, ele já prometeu US$ 63 bilhões nos próximos 10 anos, que serão destinados ao tratamento e prevenção da Aids, doenças tropicais e saúde materna e infantil.
O discurso foi transmitido por rádios locais em todo o continente. As embaixadas dos Estados Unidos na África promoveram festas para acompanhar o evento, cinemas o transmitiram ao vivo e a rede de acesso à internet na África ficou congestionada com mensagens de Twitter e e-mails.
A mensagem foi uma que talvez apenas Obama poderia ter transmitido: as desculpas da África acabaram. Os africanos precisam se levantar sozinhos. “No meu país, os afro-americanos, incluindo muitos imigrantes recentes, têm obtido sucesso em vários setores da sociedade. Conseguimos isso apesar de um passado difícil, e tiramos essa força de nossa herança africana. Com instituições fortes e determinação, sei que os africanos podem viver seus sonhos em Nairóbi e Lagos; em Kigali e Kinshasa; em Harare e bem aqui em Acra,” disse Obama. “Não será fácil. Isso vai levar tempo e muito esforço. Haverá sofrimento e obstáculos. Mas eu posso prometer uma coisa a vocês: a América estará ao seu lado, como parceira, como amiga.”
Obama nunca teve vergonha de mostrar sua herança de imigrante africano como parte de sua história. Em Acra, ele a usou para expressar empatia e suavizar suas críticas. Seu avô, que nasceu no Quênia, foi um cozinheiro quando o país ainda era uma colônia britânica, e chegou a ser preso durante a luta pela independência do Quênia. Seu pai, por sua vez, seguiu para os Estados Unidos para estudar quando a economia queniana era maior e mais rica em termos per capita do que a sul coreana.