Obama e Hu discutem crise das Coreias após ataques

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu colega chinês, Hu Jintao, conversaram por telefone, na noite de ontem, sobre a atual crise das Coreias. É a primeira vez que os dois políticos discutem o tema desde que a Coreia do Norte revelou avanços em seu programa de enriquecimento de urânio e atacou uma ilha sul-coreana no mês passado, matando dois civis e dois militares.

Na semana passada, EUA e Coreia do Sul realizaram exercícios militares, que a Coreia do Norte e a China rejeitaram. A conversa ocorre em meio a advertências de diplomatas ocidentais e de analistas de que a China pode endurecer suas relações com a Coreia do Norte. Essas revelações, vazadas em documentos diplomáticos dos EUA pelo site WikiLeaks, podem atrapalhar uma planejada visita de Hu a Washington, em janeiro.

Obama condenou o ataque de artilharia da Coreia do Norte e também as novidades sobre o programa nuclear do país. O líder norte-americano notou que Pyongyang deve “parar com seu comportamento provocador”, informou um comunicado da Casa Branca. Obama pediu que Pequim trabalhe com os EUA e outros países para “enviar uma mensagem clara à Coreia do Norte de que suas provocações são inaceitáveis”. “O presidente também ressaltou o compromisso norte-americano com a segurança de nossos aliados na região”, segundo o texto.

Já Hu disse que a China está “profundamente preocupada” com a situação na Península Coreana, temendo que ela possa sair do controle se não for tratada de modo adequado, segundo a agência estatal chinesa Xinhua. Hu pediu uma abordagem calma, enfatizando a importância do diálogo para resolver o impasse nuclear e temas relacionados.

A China até agora se recusou a culpar o ataque de artilharia da Coreia do Norte pela mais recente crise. Pyongyang argumenta que só atacou pois a Coreia do Sul disparou em suas águas territoriais, durante um exercício militar. Seul confirmou o exercício, mas negou disparar para além de suas fronteiras. A China é aliada da Coreia do Norte desde a Guerra da Coreia (1950-53) e continua a enviar auxílio econômico a Pyongyang.

Pequim teme que uma colapso do regime norte-coreano possa enviar milhões de refugiados ao nordeste chinês, além de trazer quase 30 mil soldados norte-americanos na Coreia do Sul para perto de sua fronteira. Mas a China enfrenta cada vez mais críticas internas e no exterior pela relutância em usar sua influência política e econômica para impedir que a Coreia do Norte desenvolva armas nucleares e lance ataques convencionais contra a Coreia do Sul. As informações são da Dow Jones.