O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve anunciar na próxima segunda-feira o mais ousado plano de combate à poluição no país nas últimas décadas. Mesmo assim, o pacote de medidas não é exatamente o que o democrata pretendia, já que a Casa Branca não conseguiu aprovar no Congresso uma ampla reforma ambiental. Além disso, as ações devem gerar uma onda de críticas e contestações de empresas e mesmo governos estaduais.
“O processo será como comer macarrão com uma colher. É possível, mas será uma bagunça e será lento”, comenta Michael Gerrard, diretor do Centro de Leis sobre Mudança Climática da Universidade de Columbia. No centro do problema está o fato de que a administração Obama está usando a Lei do Ar Limpo, de 30 anos atrás, para tentar regulamentar a emissão de gases poluentes e causadores do efeito estufa. “Para qualquer um que se importa com esse assunto, a hora é agora. Isso é tudo o que o presidente tem na sua caixa de ferramentas”, afirma Heather Zichal, ex-conselheira de energia e clima de Obama.
A lei tem como principal alvo as emissões de dióxido de carbono por usinas termoelétricas. Elas são responsáveis por quase 40% da eletricidade produzida nos EUA, mas também respondem por mais de 30% das emissões de gases poluentes no país, que é o segundo maior produtor de gases causadores do efeito estufa no mundo.
“Não existe um limite nacional para a poluição que as usinas elétricas podem jogar no ar que nós respiramos. Nós temos limites para a quantidade de produtos químicos tóxicos, como mercúrio, enxofre e arsênico, mas essas usinas podem jogar quantidades ilimitadas de gás carbônico no ar. Isso não é inteligente, não é seguro e não faz sentido”, comentou Obama no seu programa semanal de rádio transmitido pela internet neste sábado.
As novas regras devem permitir que os governos estaduais exijam que as usinas elétricas promovam mudanças, como deixar o carvão e passar a usar gás natural, ou implementar outros programas para reduzir a demanda por eletricidade e produzir mais energia de fontes renováveis. Além disso, os Estados também poderão criar mercados para negociação de créditos de carbono, como já acontece em dez governos regionais.
As normas devem entrar em vigor entre 2015 e 2016, mas isso não será suficiente para diminuir as críticas. A Câmara de Comércio diz que as medidas vão custar US$ 50 bilhões e fechar milhares de empregos. Do outro lado, grupos de ambientalistas defendem as mudanças e dizem que elas podem ajudar a abrir vagas de trabalho, e não fechar.
Quando Obama tomou posse, em 2009, os EUA se comprometeram a reduzir a emissão de gases poluentes em 17% até 2020. Mas mesmo esse nível, que ainda está longe de ser alcançado, não seria suficiente para combater o efeito estufa e estabilizar as temperaturas do planeta, segundo estudos científicos. Fonte: Associated Press.