O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a polícia “agiu estupidamente” no episódio da detenção de Henry Louis Gates Jr., professor de Harvard, quando ele estava tentando entrar em sua própria casa. Amigos e colegas do sargento que efetuou a prisão dizem que o policial está sendo acusado injustamente de racismo – o professor universitário é negro. Obama também declarou em entrevista à emissora de TV ABC que tem “extraordinário respeito” pelos desafios e dificuldades que os policiais enfrentam todos os dia em seu trabalho, mas afirmou que era desnecessário prender Gates. Obama disse que “cabeças mais frias deveriam ter prevalecido” no incidente. Quem deteve Gates foi o sargento James Crowley.
Amigos e colegas de trabalho de Crowley afirmam que ele é um policial de princípios. Seus apoiadores – brancos e negros – dizem que ele, que foi escolhido por um comissário de polícia negro para ensinar aos recrutas sobre como evitar atos racistas, é calmo e confiável. “Se as pessoas estão procurando por alguém abusivo ou arrogante, eles pegaram o cara errado”, disse Andy Meyer, que tirou férias com Crowley, foi técnico esportivo com ele e é seu companheiro no time masculino de softbol. “Ele não é um policial racista.”
Gates acusou o policial, em serviço há 11 anos, de ter sido persistente e autoritário. Crowley confrontou Gates em sua casa depois que uma mulher que passava pelo local ter chamado a polícia porque suspeitava que a casa estivesse sendo arrombada. O sargento disse que deteve Gates depois de o professor universitário tê-lo acusado de racismo e ter xingado sua mãe, acusações negadas pelo professor. Gates exigiu um pedido de desculpas e disse que pode processar o departamento de policia.
Crowley afirmou a uma rádio ontem que as palavras do presidente Barack Obama sobre o caso foram “fora de propósito”. “Eu apoio do presidente dos Estados Unidos 110%”, disse ele à rádio WBZ-AM. “Mas eu acho foi um pouco fora de propósito falar sobre uma questão local sem saber de todos os fatos, como ele mesmo admitiu”. O comissário de polícia de Cambridge, Robert Haas, ao falar pela primeira vez sobre a prisão, disse ontem que Crowley é um oficial condecorado. O departamento está organizando um painel independente para rever os acontecimentos. “O sargento Crowley é um membro exemplar deste departamento. Eu confio em seu julgamento todos os dias”, disse Haas. “Eu acho que, basicamente, ele fez o melhor perante a situação que lhe foi apresentada.”
Governador
Já o governador de Massachusetts, Deval Patrick, o primeiro negro a ser eleito para o cargo, chamou a prisão de “pesadelo de cada homem negro”. O governador disse que “você deve ser capaz de elevar sua voz em sua própria casa sem o risco de se detido”. Crowley foi criado em Cambridge e estudou nas escolas da cidade, onde há diversidade racial. Dois de seus irmãos também trabalham no departamento de polícia e um terceiro é xerife do condado de Middlesex.
Nos últimos seis anos, Crowley tem trabalhado com um colega negro no ensino aos cadetes sobre como evitar suspeitar de alguém apenas por sua raça. “O que eu tenho por ele é o maior respeito como policial. Ele é muito profissional um bom exemplo para os jovens recrutas”, disse Thomas Fleming, diretor da academia de polícia Lowell.