Em seu primeiro encontro com os líderes da União de Nações Sul-americanas (Unasul), na manhã de hoje, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, adiantou que planeja visitar os países latino-americanos com os quais Washington tem acumulado mal-entendidos. O anúncio, que se deu em uma conversa na qual as divergências foram expostas em tom cordial e respeitoso, foi considerado pelo Itamaraty como o sinal mais efetivo, até agora, da disposição de Obama de mudar a maneira de a Casa Branca conduzir a relação com a América do Sul – da tradicional imposição de suas propostas para uma atitude de cooperação.

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Ao relatar esse episódio, o chanceler Celso Amorim, esquivou-se de mencionar quais países estariam na lista de Obama para as futuras viagens. Em princípio, figurariam a Venezuela e a Bolívia, cujos governos expulsaram os embaixadores americanos credenciados, e mais o Equador e a Nicarágua. Uma eventual visita de Obama a Cuba dependeria da evolução do diálogo entre Washington e Havana, que não passa ainda de uma demanda dos líderes sul-americanos, expressa com ênfase a Obama hoje.

O relato de Amorim deixou a percepção de que, mesmo os líderes mais incendiários, mantiveram a conversa a portas fechadas em alto nível. Chávez, segundo o chanceler brasileiro, surpreendentemente fez um discurso curto e cordial. Esse tom foi mantido mesmo quando tocaram na questão mais delicada da 5ª Cúpula das Américas – a retomada de relações dos EUA com Cuba e sua reinserção no diálogo interamericano.

Jornalista

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Barack Obama disse também hoje que está “profundamente desapontado” com a sentença anunciada pelo governo do Irã de condenar a oito anos de prisão uma jornalista norte-americana por espionagem.

Roxana Saberi, de 31 anos com nacionalidade iraniana e americana, Roxana foi presa no final de janeiro e inicialmente acusada de trabalhar no país sem as credenciais de imprensa. Mas um juiz iraniano mais tarde lhe atribuiu acusações bem mais sérias, de espionagem para governo dos Estados Unidos. O julgamento ocorreu a portas fechadas na segunda-feira.

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O representante do conselho nacional de segurança da administração Obama, Denis McDonough, disse que a jornalista americana estava simplesmente “praticando jornalismo”. Segundo ele, o governo está conversando com diplomatas suíços no Irã, na tentativa de obter mais detalhes sobre a decisão judicial e assegurar que Roxana está sendo bem tratada.