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Desde recém-nascida, a criança já consegue identificar se está sendo tratada com carinho ou se está sendo vítima de negligência. continua após a publicidade |
Ter um filho é o sonho da maioria dos os casais, mas traz uma série de responsabilidades que, muitas vezes, pegam vários pais despreparados. Muitos pais de primeira viagem acabam desconhecendo a maneira mais adequada de estimular o desenvolvimento físico e psicológico de suas crianças e acabam pecando pela ausência ou pelo exagero, erros que podem custar caro para a formação da personalidade dessa criança.
?Por que ser pai ou mãe? Se você pensar bem, é até melhor não ser. Traz uma grande responsabilidade, uma série de restrições à vida, é, sem dúvida, um peso. Um casal podia nem ter filhos e aproveitar a vida só os dois?, comentou a psicóloga Maria Brasília Starepravo Muschitz, especialista no atendimento a crianças e famílias. ?Por outro lado, o novo ser que chega a uma casa faz o casal crescer muito, traz uma nova esperança, deixa a casa mais feliz e entusiasma todos que estão a sua volta. É um presente?, contra-argumenta.
A psicóloga explica que um ambiente harmonioso, com a participação conjunta do pai e da mãe, com muito carinho, atenção e percepção por parte dos dois são necessidades fundamental para que o bebê tenha seu desenvolvimento estimulado.
O médico pediatra Luiz Henrique Garbers lembra que a atenção dos pais para compreender as necessidades da criança bem como fazendo o bebê sentir-se amado e protegido, é imprescindível. ?Um dos grandes problemas nos dias de hoje é a falta de tempo. Com pai e mãe trabalhando o dia todo, fica difícil dar à criança a atenção necessária. Mas os pais não devem se culpar. Basta chegar do trabalho, relaxar, e passar uma, duas horas só com seu filho, isso já é o suficiente para ele sentir-se amado?, comentou.
Luiz Henrique revelou que desde recém-nascida a criança já consegue identificar se está sendo tratada com carinho ou se está sendo vítima de negligência ou violência. E, por isso, ele destacou a amamentação como etapa essencial no estabelecimento desta relação de confiança entre a criança e seus pais. ?A criança que mama é mais segura, sente-se mais amada, chora menos, sente o cheiro da mãe e aprende a identificá-la.?
O pediatra ressaltou que a formação do caráter da criança acontece desde o período intra-uterino até os cinco anos de idade. ?Por isso é importante que essa criança seja fruto de uma gestação desejada e receba bastante carinho desde a gestação?, afirma. Para ele, é fundamental que exista, ao menos, uma figura masculina e uma feminina, pois estas serão os grandes espelhos da idoneidade da criança ?Se o pai mente, a criança vai mentir, se o pai bate, a criança vai bater. Pai e mãe são os ídolos da criança, por isso o bom exemplo é fundamental.?
Só o consenso entre pai e mãe educa bem
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O bebê, quando chega, faz o casal crescer, entusiasma. |
A principal preocupação dos pais é, sem dúvida, como educar a criança. A partir de que idade as regras devem ser impostas? Quais devem ser os limites? São poucos os pais que têm as respostas exatas para essas questões.
De passagem por Curitiba, onde ministrou uma palestra para orientar os adultos a como lidar com seus filhos, a educadora Maria Cristina Poli, a Super Nanny do programa de televisão do SBT, comentou que na maioria dos casos que, atendeu no programa, as crianças tinham aproximadamente quatro anos. ?Com quatro anos, eles já eram insuportáveis, isso porque antes, quando deram os primeiros passos, esses meninos não foram submetidos a nenhum limite, e, logo, tomaram conta da casa?, disse. Para ela, a única receita que funciona para uma educação correta é o consenso entre pai e mãe para que adotem as mesmas regras, os mesmos modelos.
Luiz Henrique Garbers explica que os limites têm de ser impostos a medida que o contexto vai exigindo. ?Se aos seis meses o bebê brinca de bater no rosto dos outros ou puxar o cabelo, já deve ser repreendido. Sem exageros, mas já deve-se mostrar que é errado?, comentou. Mas é quando a criança começa a andar que é preciso mais atenção, segundo o médico, nessa fase ela torna-se egocêntrica e quer dominar o mundo a sua volta. ?É quando aumentam as birras, as manhas. É quando o pai tem de ter paciência e não ceder, é a hora de impor os limites, frustrar a criança em pequenas doses para que ela não fique mimada. Assim, ela aprende que não pode ter tudo o que quer, que tem de lutar pelas coisas, para que não seja a vida que imponha esses limites?, comentou.
Atenção às fases de desenvolvimento
Ficando atento às fases de desenvolvimento do bebê, o casal consegue acompanhar melhor seu crescimento e dar-lhe os estímulos corretos para cada etapa. Para muitos, o desenvolvimento da criança se dá apenas nas seguintes etapas: senta-se com seis meses, engatinha com nove, anda com um ano e fala com um ano e meio. Mas a psicóloga Maria Brasília destaca que há diversas fases intermediárias que devem ser observadas e estimuladas pelos pais.
A psicóloga explica que, até os três meses de idade, o bebê não consegue distinguir cores, por isso, de nada adianta oferecer objetos coloridos nessa fase, ela prefere muito mais brincar com as pessoas. Já a partir do terceiro mês é fundamental o estímulo com cores, para ajudar a desenvolver a visão e a inteligência. Segundo Maria Brasília, é entre os três e quatro meses que a criança começa a comunicar-se através do choro, mostrando algum desconforto (dor, frio, calor, fome, entre outros). ?Responder ao choro nessa fase não vai mimar a criança, pelo contrário, vai ser importante para mostrar que ela é bem quista, protegida?, disse.
A famosa fase oral, em que o bebê quer colocar tudo o que pega na boca, ocorre entre os quatro e seis meses, quando a gengiva começa a se fortalecer para o nascimento dos primeiros dentes, causando um desconforto que ele sacia coçando com os objetos. ?Por isso, é importante comprar mordedores, como aquela mãozinha própria para pôr na boca, para evitar que a criança morda objetos sujos?, comentou. Entre os sete e os nove meses, o bebê começa a entender brincadeiras com a de se esconder ou esconder objetos e, segundo a psicóloga, é muito importante para que ele aprenda a lidar com a ausência. Nessa fase, também, o bebê passa a ter receio das pessoas estranhas. ?Até os cinco, seis meses, ele não distingue muito as pessoas e se relaciona bem com todas elas. A partir do sétimo mês, quando ele já sabe bem que são seus pais e outras pessoas com quem se relaciona, não reage muito bem com pessoas que não conhece?, comentou Muschitz.
Na aproximidade de completar um ano, a criança já fica em pé e ensaia os primeiros passos. Nessa fase, ela precisa ter a locomoção estimulada e o fundamental é um ambiente onde possa cair sem se machucar. Também é importante, a partir do primeiro ano, que se converse bastante com o bebê, pois em alguns meses ele já pronunciará as primeiras palavras.
Com base nessas características de desenvolvimento, o pediatra Luiz Henrique orienta que a melhor fase para adotar uma criança é ou antes dos cinco meses, ou depois dos dois anos de idade. Isso porque, antes dos cinco meses ela não tem a identidade visual dos pais, ou de quem a cuidou até então, e não vai rejeitar os novos pais, já após os dois anos ela já entende o que acontece a seu redor e é capaz de identificar quem lhe dá carinho de verdade.