O ensino religioso em nosso País teve uma marca histórica fundamentada no catolicismo romano, por conta da política de imposição religiosa adotada pelos portugueses. Com o passar do tempo e até mesmo devido à influência da pluriculturalidade religiosa do povo surgem movimentos isolados de inclusão. Por exemplo, o Mosteiro da Anunciação, na Região Metropolitana de Curitiba, fundado por monges franceses e que, já na década de sessenta, se preocupavam em vivenciar uma religião de partilha e comunhão com pessoas de qualquer crença. Este mosteiro acolhia budistas, espíritas, evangélicos, compreendendo que a experiência de ser cristão deveria estar pautada na amorosidade e na integração e respeito às diferenças. Alguns dos fundadores e idealizadores da Assintec (Associação Interconfessional de Curitiba) participaram de atividades nesse mosteiro, conforme relata o ex-monge beneditino Jean Marie Boulange, que lá viveu e trabalhou.

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No Natal de 1971, durante uma campanha de donativos para a criança pobre surge, na Paróquia Senhor Bom Jesus, a idéia de promover o Ensino Religioso nas escolas públicas do Paraná. Justificativa: ?Prover não só o pão para a criança carente, mas também o pão da vida?.

Líderes religiosos, juntos, entendiam que tal disciplina deveria constituir-se em caráter mais aberto, incluindo o cristianismo em todas as suas formas. Para aquele momento histórico, constituía em grande avanço. Padres e pastores unidos a fim de propor uma disciplina que não discriminasse as denominações evangélicas, antes esquecidas no espaço escolar.

A idealização do plano da Assintec recebeu total apoio da Arquidiocese, bem como de pastores das Igrejas Luteranas, Metodistas, Presbiterianas, Católicas, Congregacionais e Episcopais.

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O surgimento oficial da Assintec deu-se em 1973 e desde então a entidade passou por inúmeras mudanças, primeiramente defendendo uma pedagogia que incluísse todos os cristãos. Mais tarde, na década de 1990 a associação enfatiza o trabalho pautado em valores humanos e lentamente articula-se em discursos de maior abrangência.

No ano de 1992 lançou o currículo básico para as escolas públicas do Estado do Paraná, que se caracterizou por enfatizar a abordagem sistêmica, salientando a preocupação com o desenvolvimento dos alunos em seus aspectos múltiplos, tais como: vitalidade, transcendência, criatividade, ética, vinculação, estética, conhecimento racional e espiritualidade. O texto do currículo já apontava para a preocupação nascente com o macro-ecumenismo, ou seja, o diálogo inter-religioso que se organiza por meio de inclusão e interatividade entre pessoas de diferentes crenças religiosas e inclusive pessoas que não possuíssem nenhuma espécie de religião.

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Como os tempos sempre mudam e os novos ventos sopram conduzindo os velhos esquemas a transformações constantes, o mesmo aconteceria com a concepção de ensino religioso que, a partir de 1997, assumiria uma nova fisionomia. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação aponta, atualmente, para o Ensino Religioso com um caráter não doutrinário que proíbe qualquer tipo de discurso ou atividade que privilegie uma religião em detrimento de outra. Sob essa perspectiva o ensino religioso se desenvolve pautado no respeito à opção religiosa de cada um, enfocando em seus conteúdos as diferentes culturas religiosas do mundo.

A Assintec, enquanto entidade civil organizada, se reestruturou a fim de atualizar-se e, de fato, representar a diversidade cultural religiosa presente em nosso país. Hoje abrange a representatividade de diferentes tradições com matriz africana, indígena, ocidental e oriental, bem como movimentos filosóficos, religiosos e místicos.

O Estado do Paraná avança no que diz respeito a disciplina de ensino religioso no âmbito escolar, com o apoio das secretarias municipais de Educação e Secretaria Estadual de Educação do Paraná.

A História do Ensino Religioso, em nosso Estado, se encontra intimamente vinculada a Assintec que, em 2006, completa trinta e três anos de trabalho, enquanto Associação Inter-Religiosa de Educação. E a história continua…

Para maiores informações sobre o ensino religioso consulte www.gper.com.br.