O verdadeiro ser humano é aquele que se identifica com um conjunto de referenciais, altamente positivas, que o posiciona como pessoa íntegra e respeitada.

Um besta, ao contrário, é um ser desprezível. Suas entranhas estão permeadas pelo mal. De seus poros vertem fluidos venenosos.

No entanto um besta, beneficiado por um obsoleto sistema eleitoral, assumiu os destinos de uma nação sem o respaldo popular. Desacreditado pelo próprio povo e inseguro quanto ao comando de seu país, acolheu os atentados às Torres Gêmeas (atos condenáveis, é claro), como sendo o momento oportuno para se firmar no poder. Valendo-se de discursos demagógicos procurou direcionar as atenções, exclusivamente, para esses acontecimentos. Passou a ameaçar a tudo e a todos, principalmente seus imagináveis inimigos, massacrando impiedosamente o Afeganistão e prometendo fazer o mesmo com o Iraque. Vociferou e ainda o faz, aos quatro cantos do mundo, como sendo Irã, Iraque e Coréia do Norte o Trio do Mal. Suas ridículas e inconsistentes afirmativas têm por objetivo preparar a opinião mundial a aceitar uma investida militar a essas nações. Não quer, em hipótese alguma, admitir que esse trio é formado por seu próprio país, Inglaterra e Israel.

Possuidores de um poderio bélico incalculável, incluindo armas de destruição em massa, Estados Unidos, Inglaterra e Israel terão facilidade em dominar pontos estratégicos, iniciando pelo Iraque, onde se concentra uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos que não se iludam. Podem ser as próximas vítimas. O Kuwait já está sob o domínio americano.

As despesas oriundas das operações de guerra, contra o Iraque, seriam pagas com o petróleo usurpado desse país, uma vez consumada a invasão.

É lamentável que determinadas nações se curvem diante das arbitrariedades lideradas pelos Estados Unidos. Imagina-se que alguns de seus representantes, acovardados pelos urros do “todo-poderoso”, tenham se inclinado tanto ao ponto de deixarem à mostra seus “famosos e exuberantes fundilhos”.

Relevante foi a última resolução tomada pelo parlamento turco ao se opor à utilização de suas bases militares por tropas norte-americanas. Não se deixou corromper por um punhado de malfazejos dólares.

Ridículo também o pronunciamento do secretário de Estado americano, Collin Powell, perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, quando afirmou ter provas “irrefutáveis e inegáveis” de que o Iraque possui armas de destruição em massa. O desequilíbrio mental desse pretenso candidato a herói de histórias em quadrinhos ou de guerra nas estrelas é tamanha ao ponto de não perceber que essas provas são imagens montadas pelo Serviço de Inteligência de seu próprio país.

A ONU não pode ceder às pressões do poder econômico. Se isto vier a acontecer, deixará de ser um organismo voltado à justiça e ao bem-estar da humanidade para se tornar conivente aos interesses imperialistas dos Estados Unidos. Essa preocupação baseia-se no fato de que seus inspetores, ao encontrarem sucatas em depósitos de ferro-velho no Iraque (que não servem nem para lançar fogos de artifício em festas juninas), alardearam como sendo mísseis capazes de transportar armas de grande poder destrutivo.

Diante da incoerência, ou melhor, da incapacidade de tantos homens, estrategicamente situados, temos que enaltecer a coragem de alguns estadistas europeus ao se negarem a apoiar uma ação militar contra o Iraque. Louvável também são os esforços conciliadores do papa João Paulo II e as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao afirmar que devemos matar a fome, mas não as pessoas.

Apesar da incontestável evolução científica pela qual estamos passando, marco de um crescente avanço tecnológico em todos os setores da atividade humana, o homem, em seus princípios morais, éticos e humanitários, pouco cresceu. Isto se evidencia pelas atitudes unilaterais tomadas por potências hegemônicas ao ditarem regras ao resto do mundo. Ameaçam econômica e militarmente os povos que discordem de suas idéias e não os aceitem como senhores absolutos de nosso planeta. Esquecem esses prepotentes líderes que grandes impérios, após atingirem o ápice, chegaram à decadência total.

Gabriel Gonçalo Gaissler é professor de Química, Matemática e Física nos colégios da rede estadual de ensino do Paraná.

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