Números finais de eleição iraquiana devem sair nesta quarta

O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, e seu principal rival, o ex-premier Iyad Allawi, estavam empatados hoje na acirrada apuração eleitoral no país. Resultados atualizados mostram os dois blocos lado a lado na corrida pelo controle do Parlamento. Os números finais devem sair hoje, mas ainda haverá um período para contestações judiciais da apuração. O resultado final deve ficar para o fim do mês.

A aliança Estado de Direito, de Maliki, e a Iraqiya, de Allawi, poderiam ficar cada uma com 87 cadeiras no Conselho dos Representantes. A estimativa é um cálculo da “France Presse”, baseado nos resultados das urnas já apuradas, 79% do total. A diferença entre os dois grupos é de menos de 9 mil votos.

Apesar disso, os votos depositados fora do Iraque e aqueles das forças de segurança, que tiveram um período especial para votar, não foram ainda computados e poderiam alterar o resultado. Também ainda não foram contados os votos de doentes e dos presos.

A eleição é a segunda desde a queda do ditador Saddam Hussein, com a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003. A disputa eleitoral ocorre menos de seis meses antes do prazo estipulado pelos norte-americanos para retirar todas suas tropas de combate do Iraque.

Fraudes

Um aliado de Maliki afirmou hoje que houve fraudes generalizadas. Dias antes, Maliki disse que os casos de fraude foram “muito pequenos”. O candidato Ali al-Adeeb, da aliança Estado de Direito, afirmou que houve “clara manipulação dentro da comissão eleitoral em prol de uma lista específica”.

Al-Adeeb concorre na província de Kerbala, de maioria xiita, no centro do país. Ele qualificou o avanço da Iraqiya, após estar atrás nas primeiras parciais, como “um milagre”. Um funcionário da comissão eleitoral, Iyad al-Kinaani, descartou o reinício da contagem.

No total, o grupo de Allawi aparece com 2.102.981 votos, enquanto a aliança Estado de Direito tem 2.093.997. Apesar disso, o grupo de Maliki lidera em Bagdá, maior província do país, que concede mais que o dobro de cadeiras no Parlamento que qualquer outra região iraquiana. A Estado de Direito lidera ainda em Basra, terceira maior província, localizada no sul iraquiano e rica em petróleo.

A Aliança Nacional Iraquiana, coalizão liderada por grupos religiosos xiitas, deve se tornar a terceira força no país, com 67 cadeiras. Já a Kurdistania, reunindo os dois principais partidos da região curda do país, no norte, deve obter 38 assentos.

Negociação

O sistema de representação proporcional do Iraque torna improvável que apenas um grupo político obtenha os 163 postos, no Parlamento de 325 membros, para formar um governo sozinho. Assim, a tendência é que sejam formadas coalizões.

Os dois grupos mais bem colocados já começaram a negociar com outros blocos para formar um governo, mas analistas afirmam que é possível até mesmo que grupos políticos manobrem para formar uma coalizão sem nenhuma das duas forças. As informações são da Dow Jones.