As autoridades de Mianmar afirmaram hoje que o número de mortos pela violência sectária entre budistas e muçulmanos da etnia rohingya chegou a 112. Confrontos no oeste do país têm se intensificado durante esta semana, com o governo instituindo um toque de recolher em ao menos duas cidades.
O porta-voz do governo birmanês, Win Myaing, informou que mais de 70 pessoas ficaram feridas, entre as quais estavam ao menos dez crianças. Além disso, nos enfrentamentos entre membros das comunidades muçulmana e budista, foram incendiados mais de 2.000 edifícios, incluindo mesquitas e templos budistas.
Em uma tentativa de evitar que aconteçam novos confrontos de intolerância, um toque de recolher foi instituído nas aldeias de origem dos confrontos, em Mrauk U e Minbya, no Estado de Rakhine. O governo também enviou o Exército para a região.
O estopim da onda de violência em Mianmar, iniciada em junho, foi o homicídio de uma mulher budista, que havia sido estuprada, supostamente por três muçulmanos. Cerca de 800 mil muçulmanos da etnia rohingya vivem em Mianmar, a maioria em Rakhine, embora as autoridades do país, de maioria budista, não reconheçam sua cidadania e afirmem que eles procederam de Bangladesh.
A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a democracia no país pode estar “irreparavelmente comprometida” pelos confrontos. O governo local está sob pressão internacional para conter a histórica intolerância étnica e religiosa, suprimida por quase 50 anos de ditadura militar, encerrada em 2011.
Um porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que “as reformas que o governo atual está tentando implantar podem ser prejudicadas” pela violência. Para ele, “milícias e grupos criminosos podem se aproveitar do aumento da desconfiança entre as etnias para ceifar ainda mais vidas humanas.”