O número de mortos nos mais de oito meses de repressão política na Síria superou 4.000 nesta quinta-feira e os governantes do país devem ser processados por crimes contra a humanidade, disse o Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACDH) da Organização das Nações Unidas (ONU). A encarregada do ACDH, Navi Pillay, disse que o número de mortos pode ser bem maior que 4.000. Também nesta quinta-feira, a União Europeia (UE) impôs novas sanções contra a Síria e a oposição síria fez o chamado por uma greve geral no país.

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“Nós estamos colocando o número de mortos em 4 mil, mas na realidade a informação que chega a nós é que ele é muito maior que isso”, disse Pillay em Genebra. As novas sanções da União Europeia chegam no dia em que tropas do governo sírio atacaram um vilarejo na província central de Hama, matando pelo menos seis pessoas – no episódio mais recente de violência no país. O secretário do Exterior da Grã-Bretanha, William Hague, acusou o Irã de apoiar a repressão de Bashar Assad contra o próprio povo, ao dizer que “existe uma ligação entre o que acontece no Irã e o que está acontecendo na Síria”.

É difícil avaliar o alcance da greve convocada hoje pela oposição síria, que os ativistas convocaram em uma página no Facebook. O regime impede a entrada de jornalistas estrangeiros no país. Moradores nos dois maiores centros econômicos do país, Damasco e Alepo, disseram que as lojas e mercados estavam abertos nesta quinta-feira e a economia funcionava normalmente. Mas na cidade de Homs, o centro industrial do país, um morador disse que muitas lojas estavam fechadas, com a exceção dos mercados que vendem alimentos. Homs é uma das cidades onde a rebelião contra o regime de Assad é mais forte, e na província ocorrem choques crescentes entre soldados regulares e desertores.

“Pouca gente foi hoje para a rua e só 20% dos estudantes foram para as escolas e universidades”, disse um morador, que falou sob anonimato por temer represálias. Um vídeo postado na internet por ativistas mostrou ruas em grande parte vazias no subúrbio de Zabadani, em Damasco, no qual também ocorreram protestos contra o regime.

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O grupo de ativistas Comitês de Coordenação Local disse que as forças de segurança atacaram o vilarejo de Traimseh, na província central de Hama. Segundo o grupo, seis pessoas foram mortas no local. Não foram dados mais detalhes sobre essa incursão violenta.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, baseado em Londres, disse que seis pessoas foram mortas e nove feridas em Traimseh. Segundo o Observatório, forças militares continuam a ocupar o vilarejo.

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Também nesta quinta-feira, o governo da província de Hama levou jornalistas locais ao vilarejo de Kfarbo, onde eles conversaram com a família de um menino de nove anos morto com um tiro na cabeça na cidade de Homs, onde a criança comprava biscoitos numa loja. “Ele segurava um biscoito na mão e não uma arma”, disse a mãe do menino, Georgina Mtanious al-Jammal. Ela culpou “terroristas armados” pelo assassinato do filho.

As informações são da Associated Press.