Número de brasileiros repatriados cai até 90% na França

A onda de repatriação de brasileiros no Aeroporto Internacional Roissy-Charles de Gaulle, em Paris, está próxima do fim. Depois de recusar o ingresso de cerca 300 brasileiros por mês no segundo trimestre do ano, os Ministérios da Imigração e do Interior da França cederam às pressões diplomáticas do Brasil e reduziram em até 90% o número de “recusas de admissão”.

A mudança de postura foi sentida pelo Consulado do Brasil em Paris. Nos três primeiros meses de 2009, o número de barrados na principal porta de entrada do país triplicou. O pico aconteceu no início do segundo trimestre do ano, quando uma média de 10 a 12 brasileiros era impedida de entrar no país todos os dias. Agora, a média fica entre um e dois, de acordo com a representação brasileira na capital francesa. “Tínhamos nos tornado a segunda nacionalidade mais barrada na França, atrás apenas dos chineses. Agora melhorou muito”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo a cônsul Maria Celina Rodrigues.

Apesar da mobilização do governo brasileiro, o tema não foi tratado nos encontros bilaterais entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Nicolas Sarkozy. Nos encontros no Ministério da Imigração, a cônsul expressou a insatisfação de Brasília. “Tivemos reuniões com autoridades francesas nas quais pedimos mais bom senso e maior discernimento na análise de cada caso”, afirma Maria Celina. Entre os argumentos usados estavam a parceria estratégica firmada entre os dois países, a realização do Ano da França no Brasil e a contrapropaganda causada pelo rigor contra potenciais turistas. Desde a reunião, os dois governos passaram a controlar diariamente o número de brasileiros barrados no país, além de manterem contatos estreitos.

Prostituição

Em Paris e em Brasília, o governo francês não comenta a nova conduta. Procurada, a Adidância de Segurança Interior da Embaixada da França não informa mais as estatísticas sobre a repatriação de brasileiros. “São dados um pouco especiais, que causaram polêmica”, diz o adido adjunto, que preferiu não ser identificado. “Mas estamos compartilhando informações.” Um dos focos de colaboração bilateral será, segundo o Consulado do Brasil, a prevenção da exploração de pessoas, com especial atenção à prostituição. Os moldes desse acordo ainda vêm sendo negociados e não foram revelados pelas autoridades de nenhum dos dois países.

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