Violentos confrontos entre a polícia e manifestantes interromperam uma breve trégua na capital ucraniana nesta quinta-feira, deixando pelo menos 22 mortos. As mortes aconteceram durante novos episódios de violência horas depois de o presidente do país, Viktor Yanukovych, e líderes da oposição, que exigem sua renúncia, terem convocado uma trégua e negociações para tentar resolver a crise política ucraniana.
Um repórter da Associated Press viu 21 corpos nesta quinta-feira colocados nas proximidades de um acampamento de protesto no centro de Kiev. Além dessas vítimas, um policial foi morto e 28 sofreram ferimentos por arma de fogo hoje, informou à AP o porta-voz do Ministério do Interior, Serhiy Burlakov.
Francoatiradores das forças de segurança foram vistos fazendo disparos contra manifestantes em Kiev, segundo um cameraman da AP e um manifestante. As mortes desta quinta-feira elevaram o número vítimas fatais da semana para pelo menos 50, além de centenas de feridos.
A violência desta semana teve início na terça-feira, quando manifestantes atacaram as linhas policiais e atearam fogo do lado de fora do Parlamento, acusando Yanukovych de ignorar suas exigências de realizar reformas constitucionais que limitariam os poderes do presidente, uma importante demanda da oposição. O Parlamento, dominado por partidários do presidente, vinha protelando as discussões da questão.
Em comunicado divulgado na manhã desta quinta-feira, o ministro da Saúde disse que 28 pessoas haviam morrido e que 287 foram hospitalizadas durante os dois dias de confrontos de rua. Os manifestantes, que montaram uma instalação médica na catedral do centro da cidade para que seus colegas feridos não sejam capturados pela polícia nos hospitais, dizem que o número de feridos é significativamente mais alto, possivelmente o dobro ou o triplo do anunciado pelo governo.
Segundo comunicado divulgado pelo Ministério do Interior nesta quinta-feira, os disparos contra os policiais parecem sair do conservatório musical nacional de Kiev, que fica na praça onde os protestos acontecem. Também nesta quinta-feira, o prédio do Parlamento foi esvaziado por causa dos temores de que os manifestantes se preparam para invadi-lo, informou a porta-voz parlamentar Irina Karnelyuk. Fonte: Associated Press.