O novo Parlamento do Paquistão, dominado por opositores do governo do presidente Pervez Musharraf, realizou nesta segunda-feira (17) sua sessão inaugural. Em uma breve cerimônia na Assembléia Nacional, mais de 300 dos novos parlamentares se puseram de pé e fizeram o juramento da posse. O senador Tariq Azim, leal a Musharraf, saudou o início da legislatura como um "passo em direção à estabilidade política". Musharraf não participou da cerimônia.
Mas o viúvo da líder oposicionista assassinada Benazir Bhutto, e Nawaz Sharif, ex-primeiro-ministro deposto por Musharraf em um golpe, em 1999, assistiram à posse das galerias. A presença deles demonstra "que o povo do Paquistão rejeitou" a tomada de poder por Musharraf, afirmou Ahsan Iqbal, parlamentar do partido de Sharif. "É o primeiro passo rumo à democracia", disse o viúvo de Bhutto, Asif Ali Zardari.
Os oponentes do atual líder devem reduzir os poderes de Musharraf e rever as políticas apoiadas pelos Estados Unidos para combater a Al-Qaeda e o Taleban. As eleições no mês passado em que os aliados de Musharraf foram derrotados, ilustraram a crescente insatisfação com o ex-general, que dominou a política paquistanesa durante oito anos de governo militar.
Governo de Coalizão
Os novos líderes civis, que ainda devem anunciar o líder do governo de coalizão, travarão um duelo por poder com Musharraf, que deixou o posto de chefe do Exército em novembro, em uma manobra para permanecer no cargo de presidente.
O Partido do Povo do Paquistão, de Zardari, conseguiu mais cadeiras nas eleições de 18 de fevereiro. A agremiação planeja formar uma coalizão com Sharif e um grupo menor de parlamentares da região noroeste, assolada pelos militantes.
O Parlamento apenas começará a legislar de fato após o novo governo assumir, no fim deste mês. Os partidos que devem liderar a Casa, porém, já definiram algumas prioridades que devem preocupar Musharraf e seus aliados ocidentais.
Prioridades
O Partido do Povo informou que sua principal prioridade será buscar uma investigação das Nações Unidas para o atentado de 27 de dezembro que matou Benazir Bhutto. A ex-primeira-ministra foi o político mais importante morto na atual onda de violência no Paquistão.
Uma proposta da coalizão que pode gerar ainda mais conflitos é a de emendar a Constituição, de modo a tirar o poder de Musharraf dissolver as Assembléias e depor o primeiro-ministro. O Conselho Nacional de Segurança, presidido por Musharraf, também pode ter sua atuação restringida.