Foto: Daniel Derevecki

O zootecnista Alex Maiorka explica que é importante procurar um veterinário antes de definir a alimentação do animal.

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Se foi o tempo em que os animais de estimação eram alimentados unicamente com pão velho ou restos de comida dos proprietários. Nas últimas décadas, a alimentação dos bichos domésticos melhorou bastante e muitos passaram a extrair das rações suas principais fontes de energia e nutrientes. Para cães e gatos, o mercado pet já oferece uma imensa variedade de produtos. 

?Grande parte da evolução da nutrição animal se deve a mudanças culturais. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, por exemplo, as pessoas passaram a depender cada vez mais de alimentos prontos ou de preparo rápido, inclusive para seus bichos de estimação. As empresas começaram a pesquisar as principais necessidades nutricionais de cães e gatos e deram origem a um mercado segmentado, onde é possível encontrar uma série de produtos diferentes?, comenta o zootecnista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alex Maiorka, que é especializado em nutrição animal.

Atualmente, a ração fornecida para cachorros e felinos adultos é diferente, por exemplo, da destinada a filhotes e idosos. Para os animais jovens, são disponibilizados alimentos ricos em proteína e energia, importantes para o crescimento e a boa formação da composição corporal. Já os bichos idosos têm maior sensibilidade a determinados compostos e grande necessidade de outros. Para eles, as rações geralmente concentram maior quantidade de glucosamina, substância que contribui com a reconstituição de cartilagens.

Indivíduos com problemas de saúde e necessidades especiais também não são esquecidos. Para quem tem diabetes, problemas cardíacos ou determinados tipos de alergia, a dieta adotada pode ser de fundamental importância na manutenção da saúde e na garantia da qualidade de vida. Para animais diabéticos, rações com quantidades maiores de carboidratos fazem com que os pacientes tenham picos de glicemia menores após a alimentação. Já para bichos alérgicos, os fabricantes de alimentos evitam o uso de determinados carboidratos, como o farelo de soja. Especificamente para gatos cardíacos, os alimentos são ricos no nutriente taurina.

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Além dos alimentos funcionais, o mercado também oferece uma série de petiscos especiais. Os produtos geralmente aliviam a consciência de proprietários cientes da importância de não fornecer guloseimas comuns a seus animais, mas que se sentem culpados quando os mesmo as pedem. Entre os principais petiscos estão biscoitos, chocolates e mesmo produtos comercializados em épocas específicas do ano, como panetones. Os produtos possuem composição própria para bichos e geralmente palatabilidade bastante apreciada por eles. Devem ser fornecidos em quantidades controladas, de acordo com indicações dos fabricantes.

?É importante sempre procurar um médico veterinário antes de definir a alimentação do animal. O profissional pode orientar sobre a dieta mais indicada para cada cão e gato. Depois, a alimentação pode ir se adaptando ao desenvolvimento dos bichos. Há produtos de diversos preços, que também podem ser escolhidos conforme o tamanho do animal e a quantidade diária ingerida. Um rottweiler, por exemplo, tem consumo diferenciado de um chihuahua, necessitando de uma quantidade bem maior de alimento?, explica Alex.

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Produto substitui leite da mãe

Até pouco tempo atrás, alimentar filhotes de cachorros e felinos encontrados sem a presença da mãe era um problema. Hoje, já existe no mercado substitutos do leite materno da gata e da cadela que podem ser administrados aos animais jovens até que estes completem 28 dias de vida e possam começar a receber alguma alimentação sólida. Os produtos são fabricado pela Total Alimentos S.A.

?Os substitutos são voltados para filhotes encontrados abandonados sem a mãe, cuja mãe faleceu, não dá conta de alimentá-los ou passou por cesariana, correndo o risco de se machucar ao dar de mamar em função da presença de pontos decorrentes da cirurgia?, informa a médica veterinária e gerente de produtos da Total, Márcia Fernandes.

Para criação dos substitutos, foram feitas diversas pesquisas objetivando fazer com que o sabor e a composição dos produtos ficassem o mais parecido possível com o dos leites maternos. Os produtos finais, comercializados em pet shops, são vendidos em pó, devendo ser diluídos em água e administrados aos bichos através de mamadeira ou mesmo seringa. O principal componente dos alimentos é a caseína, proteína responsável pelo desenvolvimento de ossos e músculos.

?O substituto voltado aos gatos é um pouco diferente do destinado aos cães, tendo um pouco mais de proteína e energia. O leite materno dos animais não é semelhante ao leite materno das pessoas, contendo diferentes porcentagens de gordura e outros componentes. Além disso, é isento de lactose, substância que não é bem digerida por cães e gatos e que pode causar diarréia. Com informações como esta, desenvolvemos um produto bastante palatável e com os componentes que os filhotes necessitam para crescer e se desenvolver?, finaliza Márcia. (CV)

Avanço para produção pecuária

Os avanços nutricionais também ocorrem na alimentação de animais de produção, como aves, bovinos e suínos. Desde a década de sessenta, as pesquisas relativas às necessidades nutricionais de rebanhos vêm evoluindo bastante e de forma constante.

Os trabalhos desenvolvidos visam, além do bem-estar dos animais, as necessidades de consumo humano. Desta forma, a alimentação dos rebanhos está muito ligada à qualidade dos produtos finais a serem comercializados, como a carne, os ovos e o leite.

A produção de carne orgânica, por exemplo, exige que os animais tenham uma alimentação livre de agrotóxicos e sejam tratados apenas com medicamentos homeopáticos. ?No que diz respeito aos animais de produção, a utilização das dietas geralmente está focada no lado comercial. A alimentação é responsável por 60% dos custos totais de produção?, diz o zootecnista Alex. (CV)