Após mais uma rodada de negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, encerrada nesta sexta-feira, o caminho para um acordo de transição entre as duas partes continua distante. Segundo o principal negociador do bloco, Michel Barnier, as diferenças entre a UE e o Reino Unido são “substanciais”.
Um dos temas discutidos nesta semana de negociações foi a fronteira entre a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, e a República da Irlanda, que integra a União Europeia. Os territórios dos dois países estão na Ilha da Irlanda e possuem uma fronteira terrestre. Segundo Barnier, a decisão do Reino Unido de deixar o mercado único e a união aduaneira tornará o controle de fronteira “inevitável”.
O receio do Reino Unido é de que, ao abandonar de uma vez a União Europeia, a situação prejudique o Acordo de Belfast, assinado em 1998 com o objetivo de selar a paz entre as duas Irlandas.
“A não ser que façamos um acordo sob medida conforme elaboramos parte da futura relação comercial, a UE é forçada a manter a opção de alinhamento regulatório total na mesa”, disse Barnier. Tal alinhamento pode significar que a Irlanda do Norte permaneça no mercado único e na união aduaneira da UE.
“Estou surpreso com as divergências. As posições da UE são muito lógicas, eu acho”, afirmou Barnier durante coletiva de imprensa em Bruxelas nesta sexta-feira. “O Reino Unido tem de aceitar todas as regras e obrigações até o fim da transição. Isso é lógico. Eles também têm de aceitar as consequências de deixar as instituições e políticas da UE”.
Barnier ressaltou que, caso as divergências persistam, “a transição não está dada”. “O tempo é curto, muito curto. Nós não temos um minuto a perder se nós quisermos ter sucesso. Espero que possamos resolver esses impasses na próxima rodada de negociações”. A saída efetiva do Reino Unido da União Europeia está marcada para março de 2019. (Flavia Alemi – flavia.alemi@estadao.com)