A nova lei eleitoral da Argélia impedirá que integrantes de um partido islâmico banido participem da vida política do país, apesar do processo de reforma eleitoral em curso, disse nesta terça-feira um membro da coalizão de governo. Segundo ele, na segunda-feira o gabinete apresentou a lei, que inclui provisões para que “seja evitada a volta da tragédia nacional” e para que “seja consagrado o caráter republicano e democrático” do Estado, no que parece ser uma linguagem velada à Frente Islâmica de Salvação (FIS).
Em 1991, a FIS venceu as eleições nacionais na Argélia mas os militares deram um “golpe branco” e impediram que o partido islâmico participasse do segundo turno das eleições, que foram anuladas. Isso levou a vários grupos tomarem as armas e iniciarem uma rebelião integrista contra o governo, que provocou a morte de mais de 200 mil pessoas na década de 1990.
A FIS esperava voltar ao processo político como parte das reformas que o presidente Abdelaziz Bouteflika anunciou em abril, para acalmar os protestos que se alastraram pelo país magrebino, inspirados nas revoltas de outros países árabes.
“Minha leitura dessa lei é que os ex-líderes da FIS não podem criar partidos políticos”, disse Abou Djara Soltani, presidente do Movimento da Sociedade para a Paz, um partido islâmico moderado que participa da coalizão de governo.
As informações são da Associated Press.