A nova Constituição do Egito, redigida por uma Assembleia dominada por setores islâmicos conservadores que apoiam o presidente, Mohamed Mursi, foi aprovada em referendo popular com 63,8% dos votos.
O resultado oficial corrobora os números divulgados antes do encerramento da contagem dos votos pela Irmandade Muçulmana, grupo majoritário da Constituinte.
Devido à recusa de muitos juízes em participar da fiscalização do pleito, a votação foi dividida em dois dias. Uma parte das Províncias foi às urnas no dia 15 de dezembro, e outra, no dia 22.
Enquanto a Irmandade Muçulmana anunciava antecipadamente a vitória, a FSN (Frente de Salvação Nacional), principal coalizão de oposição, contestava os resultados prévios, denunciando “fraudes, violações e irregularidades”.
A FSN acrescentou que o referendo “não é o fim do caminho”, mas “apenas uma batalha” na luta contra o presidente Mursi.
Tensões partidárias
O projeto de Constituição está, há varias semanas, no centro da crise mais grave do Egito desde a eleição Mursi, em junho passado.
As tensões entre partidários e opositores de Mursi culminou, na noite de 5 de dezembro, em confrontos nos arredores do palácio presidencial, no Cairo, que causaram oito mortos e centenas de feridos.
A oposição argumenta que o texto constitucional abre caminho para interpretações rigorosas do Islã e oferece poucas garantias para certas liberdades, apesar das aspirações democráticas que surgiram com a revolta popular contra Hosni Mubarak, que governou o Egito por três décadas.
Para os partidários do “sim”, a aprovação da Constituição trará estabilidade ao país. Um argumento utilizado para tranquilizar os egípcios, muito preocupados depois de dois anos de uma transição turbulenta.
No plano internacional, a Alemanha solicitou uma investigação sobre as supostas fraudes.