A Noruega parou, ontem, para homenagear os mortos nos atentados de sexta-feira em Oslo e Utoya. Ao meio-dia, foi feito um minuto de silêncio no trânsito, na indústria e no comércio. A homenagem foi transmitida pela TV. No final da tarde, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas em todo o país em uma caminhada pela paz.
Convocada de forma espontânea nas redes sociais, a iniciativa reuniu somente em Oslo entre 150 mil e 200 mil pessoas, surpreendendo as autoridades que esperavam 30 mil. Entre os manifestantes estava o educador Jan Thore Mathisen, de 43 anos. Como muitos noruegueses entrevistados pela reportagem nos últimos dias, Mathisen defende a tradição pacífica e tolerante do país, mesmo após a tragédia promovida por Anders Berhing Breivik.
“Não devemos defender leis mais duradouras por causa de um único caso. Não devemos ceder à pressão da paranoia e enchermos de policiais e de esquemas de segurança cada rua de nossas cidades. Nem precisamos de um código penal mais rigoroso. Essa tentação acabaria com o que temos de mais caro: a abertura e o espírito de solidariedade e tolerância.”
O número de vítimas dos ataques ocorridos na sexta-feira na Noruega é menor que o informando antes pela polícia. Não houve um total de 93 mortos, mas sim um total de 76. Destes, 68 ocorreram na Ilha de Utoya, e 8, em Oslo.
Embora os ataques de sexta-feira não tenham despertado uma caça às bruxas na Noruega, a opinião pública questiona, cada vez mais, a negligência da polícia de Oslo em atender aos chamados de socorro vindos da Ilha de Utoya. Pressionado pela imprensa, o primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, afirmou que abrirá uma investigação para apurar os erros – da demora no socorro até a falta de investigações. “Estamos preocupados com a escala dos eventos”, afirmou Stoltenberg à BBC. Segundo o premiê, que também pedirá uma investigação sobre a extrema direita, a auditoria buscará melhorar o serviço. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.