Norte e Sul do Sudão concordam em desmilitarizar Abyei

Líderes do Norte e do Sul do Sudão assinaram hoje um acordo para desmilitarizar a disputada região central de Abyei e permitir a entrada de uma força de paz etíope, disse o ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que está ajudando na condução das negociações.

Mbeki afirmou que o acordo de hoje prevê a ampla desmilitarização de Abyei, uma área fértil perto de importantes campos de petróleo que tanto o Sul quanto o Norte desejam para seu território. A divisão formal do país em dois está prevista para 9 de julho.

Tropas do Norte do Sudão se transferiram para a região no mês passado, ação que obrigou dezenas de milhares de pessoas, aliadas ao Sul, a fugirem. “As Forças Armadas do Sudão vão se retirar e serão instaladas fora de Abyei”, disse Mbeki.

Uma força de paz etíope que já está pronta para o envio será transferida o mais rápido possível, afirmou o ex-presidente sul-africano. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) vai definir, durante uma reunião em Nova York, o mandato e o tamanho da força etíope.

O acordo acontece três semanas antes de o Sul se separar do Norte, criando o mais novo país do mundo. A violência irrompeu na fronteira na preparação para a declaração de independência do Sul. Dezenas de milhares de pessoas fugiram de Abyei depois que tropas do Norte terem se transferido para o local no mês passado.

Norte e Sul travaram uma guerra civil que durou décadas e matou cerca 2 milhões de pessoas. O conflito foi encerrado com um acordo de paz em 2005 que deu ao Sul o direito de realizar uma votação que determinaria o destino da região. Os habitantes locais decidiram se separar, mas Norte de Sul ainda têm de definir detalhes como a demarcação da fronteira e a divisão dos lucros do petróleo.

Kordofan do Sul

Forças sudanesas ameaçaram derrubar aviões da ONU sobre o Estado de Kordofan do Sul, onde as tropas do Norte estão caçando e matando pessoas alinhadas ao grupo do Sul, disse hoje a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice. Ela afirmou que a perseguição e assassinato de pessoas pelas forças do Norte pode caracterizar “crime contra a humanidade”.

Pesados confrontos em Kordofan do Sul têm ocorrido desde 5 de junho entre o Exército de Cartum (norte) e milícia aliadas do Sul. Segundo Rice, cerca de 75 mil pessoas fugiram de suas casas e grupos de ajuda humanitária estimam que centenas foram mortas, mas a ONU diz que sua missão no local, a UNMIS, teve seu acesso negado ao Estado.

Forças sudanesas “ameaçaram derrubar os aviões de patrulha aérea da UNMIS. Eles tomaram o controle do aeroporto de Kadugli e se recusam a permitir que aviões da UNMIS pousem”, disse Rice ao Conselho de Segurança. Os estoques de comida da missão no Estado estão agora “perigosamente baixos” e estima-se que 10 mil pessoas se reuniram ao redor do complexo da ONU em Kadugli, disse ela.

“Nós recebemos acusações, ainda não comprovadas mas tão alarmantes que eu preciso mencioná-las, que as Forças Armadas do Sudão estão armando elementos da população local e colocando minas em áreas de Kadugli”, disse Rice. “Forças militares e de segurança detiveram e sumariamente executaram autoridades locais, rivais étnicos, profissionais da saúde e outras pessoas”. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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