A decisão do papa Bento XVI de promover a bispo um padre austríaco conhecido por suas declarações polêmicas sobre a furacão Katrina, que devastou a cidade norte-americana de New Orleans em 2005, foi criticada por párocos austríacos e grupos da igreja. O Vaticano anunciou, ontem, que o padre Gerhard Wagner, de 54 anos, foi elevado a bispo auxiliar da cidade austríaca de Linz. Ele servia desde 1988 como pároco em Windischgarsten.
Em 2005, um jornal local e o website católico austríaco Kath.net informaram que Wagner havia dito que o furacão Katrina foi uma “retribuição divina” contra New Orleans, por causa da tolerância dessa cidade com homossexuais e por suas atitudes sexuais liberais. Wagner não retornou as ligações feitas ao seu celular pela agência Associated Press.
Hans Padinger, porta-voz do Conselho de Padres da Alta Áustria, afirmou ao jornal “the Oberoesterreichische Rundschau” que não ficou muito satisfeito com a escolha pois ele teve a impressão de que o Vaticano não fez nenhuma tentativa de comunicar a diocese de Linz sobre esse assunto. O padre Franz Wild disse que estava horrorizado com a decisão e se mostrou surpreso com o fato de alguém com posições tão extremadas ser indicado para um posto que tem o intuito de unificar. “Espero que esteja claro para a igreja que vivemos no século 21 e que a igreja também deve viver neste ano”, informou o site do jornal, citando as declarações de Wild.
Franz Guetlbauer, chefe do Movimento dos Homens Católicos, descreveu a indicação como um sinal de extremo conservadorismo. A organização “Nós somos a Igreja” previu que a indicação pode levar pessoas a abandonarem a igreja.
O governador da Alta Áustria, Josef Puehringer, descreveu Wagner como um clérigo altamente conservador e afirmou à emissora ORF que a escolha sugere que o Vaticano não tem uma visão realista da sociedade. A Kath.Net, uma agência católica da Áustria, divulgou trechos dos comentários sobre o Katrina de Wagner feitos para um boletim em Linz. Segundo os trechos, Wagner teria afirmado que o Katrina destruiu não só casas noturnas e bordéis em Nova Orleans, como também clínicas de aborto. “As condições de imoralidade na cidade são indescritíveis”, teria dito Wagner.