Estou na rua e fico pensando que o que mais vemos são automóveis, pedintes e sujeira… Puxa!! Estou num baixo astral…

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Aquela mulher muito gorda mudou de ?endereço?, agora está instalada no vão de um prédio na Rua Marechal Deodoro, com sua máquina de escrever, sua sujeira e o mesmo séquito de vagabundos.

Vou até o ponto do meu ônibus e ali encontro uma senhora bem vestida, muito magrinha, carregando duas sacolas de compras.

Está aborrecida e me fala que seu carro está na oficina. Passa, então, a desabafar suas mágoas e ressentimentos. Sou uma boa ouvinte e uma desconhecida… O ônibus chegou, desejo-lhe um bom dia e sigo meu caminho.

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As ruas congestionadas. Quando o ônibus cruza a Rua João Negrão penso, aliás, como sempre, que não vemos mais ninguém brincando com um simples iôiô ou um diávalo (aqueles pauzinhos presos por uma fieira por onde rodávamos um carretel, também de madeira). Ninguém mais pulando corda, brincando de esconde-esconde! Também pudera, com este movimento maluco, mas na minha cabeça as lembranças ficam me atazanando!

De volta em casa, estou cansada e penso em ligar a TV para me distrair. Bruta raiva! Não dá! É só notícia ruim. Prefiro deitar cedo, acompanhada de algum livro… Horas depois, me reviro na cama, com dificuldade pra dormir. Sei que amanhã as notícias vão ser as mesmas, também não vou ver crianças brincando nas ruas, e aquela mulher gorda ainda vai estar lá, com a sua sujeira e os mesmos acompanhantes…

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Margarita Wasserman – Escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.