Soldados congoleses avançavam neste sábado (8) em direção a linhas formadas por rebeldes, em mais uma ação que ameaça o tênue cessar-fogo perto de Goma. O confronto teve início na sexta-feira (7), perto de Kibati, a cerca de 10 quilômetros norte de Goma, e nesta manhã o Exército já havia se movido ao menos um quilômetro para o norte, em uma área que os rebeldes deixaram sem patrulha, desde que convocaram o cessar-fogo há dez dias.
A um quilômetro ao norte dos soldados, pequenos grupos de rebeldes se agrupavam ao longo da estrada. Metade das casas na vila de Kibati, de onde mais de 50 mil refugiados saíram na semana passada, parecia deserta e caixas vazias de munição estavam largadas na estrada. Milhares de pessoas se moviam em direção a um campo de refugiados na região.
Mais de 250 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas desde que o líder rebelde tutsi, Laurent Nkunda, lançou uma ofensiva em 28 de agosto e tomou largas áreas do leste do Congo, à medida que o Exército recuava. O conflito é alimentado por aversões étnicas resultantes do massacre em 1994 de meio milhão de tutsis em Ruanda. Nkunda alega estar combatendo para proteger a minoria tutsi dos rebeldes hutu de Ruanda, que participaram do genocídio e fugiram para o Congo.
Perto de Goma, centenas de soldados mantinham guarda ao longo da estrada e outros podiam ser vistos no meio da neblina que cobria as colinas próximas. Entre eles, repórteres da Associated Press viram soldados negros que falavam português usando boinas verdes com broches no formato do mapa de Angola. O enviado das Nações Unidas ao Congo Alan Doss disse não ter confirmação direta de que soldados angolanos estavam no Congo.
A porta-voz das Nações Unidas Sylvie van den Wildenberg afirmou que os repórteres podem ter confundido com soldados congoleses que vivem exilados na Angola há anos combatendo pelo grupo separatista Tigres de Katanga. A presença de angolanos na região pode ser vista como uma provocação da vizinha Ruanda, elevando as tensões e temores de que os conflitos no Congo podem se espalhar para além das fronteiras. O Congo pediu ajuda de Angola em 29 de outubro, quando os rebeldes avançavam em direção a Goma, na fronteira com Ruanda. Os rebeldes declaram o cessar-fogo no momento em que chegaram aos portões da cidade.