O presidente da Rússia, Vladimir Putin, desembarca no Rio para mostrar para a Fifa que, diferente do que ocorreu no Brasil, Moscou vai assumir todo o projeto da Copa do Mundo de 2018 e dar garantias ao mundo de que tudo estará pronto um ano antes da bola rolar.
Neste domingo no Maracanã, Putin receberá da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Fifa, Joseph Blatter, uma bola que simbolizará a transferência do Brasil para os russos da responsabilidade de organizar o Mundial. Mas parte da meta de Putin é a de demonstrar que, apesar da tensão com a Ucrânia e da dor de cabeça que a Fifa teve com o Brasil, ele assumirá pessoalmente o projeto.
“O Brasil teve dificuldade com as garantias, o que deixou a Fifa nervosa”, disse o ministro de Esportes da Rússia, Vitaly Mutko. “A mensagem do presidente Putin é de que tudo será cumprido e todas as obrigações serão atendidas”, afirmou.
Em 2007, a CBF liderou a campanha do Brasil para receber a Copa e a adesão do governo só ocorreu quatro anos depois, quando a situação já era crítica. No caso russo, a ordem do Kremlin é a de demonstrar que o projeto é estatal. Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, já deixou claro que organizar uma Copa em um país se democracia era mais fácil. No caso da Rússia, analistas não escondem que Putin se transformou nos últimos anos no próprio estado russo.
“Foi Putin quem liderou a campanha para receber a Copa. Ele também é o presidente do Comitê Organizador e passou um decreto com todas as garantias”, explicou Mutko. “Somos um parceiro confiável e Putin está envolvido ativamente nesse processo”, insistiu.
O estado russo vai injetar recursos para construir doze estádios e dezenas de centros de treinamento, no valor de 104 bilhões de rublos (R$ 6,8 bilhões) e que estarão pontos em 2017, um ano antes da Copa.
O envolvimento do estado ocorre até mesmo na escolha de seus cartolas. Na Fifa, quem representa Moscou não é o presidente da Federação de Futebol, mas o próprio ministro dos Esportes, que faz parte do Comitê Executivo da Fifa. Para ele, “não existe conflito de interesse” e sua presença “aumenta a comunicação com a Fifa”.
INTERFERÊNCIA – Herança do sistema soviético, o estado russo acredita que tem um papel fundamental no desenvolvimento do futebol russo. “Centros de treinamento vão ser construídos com dinheiro público e mais de cem campos serão erguidos”, disse Mutko. Moscou vai gastar R$ 90 milhões para colocar gramados artificiais pelo país marcado pelo gelo e o objetivo é construir arenas em todas as cidades.