Como os ônibus facilitam a vida das pessoas! Verdade que muitas vezes demoram pra danar ou chegam superlotados, o que nos deixa, por vezes, um tanto zangados.
Mas também tenho oportunidade de encontrar amigas ou amigos e, enquanto o ônibus roda, a gente põe a conversa em dia!
Estes dias, passeando em um circular-centro, em horário tranqüilo, em meio ao itinerário subiu no ônibus uma família, sendo pai, mãe e um casal de filhos adolescentes. Todos eles pareciam felizes, descontraídos, conversando e rindo. Percebi que pai e mãe são cegos.
Tive a atenção despertada para o agasalho do pai: uma roupa que é usada por atletas das Paraolimpíadas… Casualmente ele sentou-se ao meu lado, e não tive dúvidas: puxei conversa. Ele é jogador de futebol de salão. Foi com uma equipe daqui, para a Suíça e trouxe uma medalha de ouro! Perguntei da sua emoção e ele me disse estar muito feliz com o reconhecimento das pessoas, que não economizam atenção e carinho para com a sua equipe.
Quase cheguei às lágrimas, pois não existe coisa que me emocione mais na vida do que ver gente cega! E, ele é um atleta, um jogador de futebol que precisa que a bola tilinte para que ele e os outros jogadores cegos reconheçam onde está a bola…
Ele falou mais: houve muito carinho na Suíça, as acomodações são excelentes na Vila Olímpica e as refeições muito boas.
Desci do ônibus emocionada e feliz por ter conversado com o Nilson, um exemplo de alegria e realização.
Margarita Wasserman – Escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.