O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não conseguiu nesta sexta-feira (27) persuadir sua rival centrista, Tzipi Livni, a unir-se a ele numa ampla coalizão, elevando a probabilidade de que o próximo governo de Israel seja uma aliança de partidos religiosos de extrema direita, que se opõem a fazer concessões aos palestinos pela paz. Livni se recusou a se unir ao governo, a menos que Netanyahu endosse abertamente a possibilidade de dividir o território em dois Estados separados, um judeu e outro palestino.

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“Dois Estados para dois povos não é um slogan vazio, é a única forma de Israel manter sua existência como um Estado judeu e democrático”, disse Livni, após a reunião. “Da mesma forma que eu não posso aceitar declarações vagas, o mundo também não pode. Esta é uma questão de princípios, não de semântica.” Netanyahu disse ter feito uma generosa oferta de parceria e que pretende promover o processo diplomático com os palestinos. No entanto, afirmou ter encontrado uma “completa rejeição de unidade da parte da senhora Livni”.

O colapso das conversações ocorreu enquanto George Mitchell, enviado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para o Oriente Médio, está na região com líderes israelenses e palestinos. Livni não fechou completamente a porta para um acordo e Netanyahu ainda tem cinco semanas para montar um governo. O partido de Livni venceu as eleições de 10 de fevereiro por um assento no Parlamento, mas Netanyahu foi apontado para formar uma coalizão de governo porque tem maior apoio dos legisladores eleitos.

Netanyahu pode formar um governo de linha dura que dará a ele uma maioria de 65 cadeiras no Parlamento, de 120 assentos. Já um governo centrista com Livni também poderia ajudar Netanyahu a evitar a pressão internacional sobre Israel e a evitar um confronto com o presidente norte-americano, que prometeu tornar-se “agressivamente” envolvido na causa da paz no Oriente Médio. Livni, que lidera o partido centrista Kadima e já negociou com os palestinos, apoia a formação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Netanyahu é contra.

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União Europeia

Enquanto isso, o recente fluxo de atividade diplomática na região continuou hoje, com a visita a Gaza do comissário de política externa da União Europeia (UE), Javier Solana. Ele é o mais alto funcionário da UE a visitar o território desde que foi tomado pelo Hamas, em junho de 2007, e sua visita é um sinal do aumento do compromisso internacional com o isolado enclave palestino. Solana não encontrou-se com representantes do Hamas, considerado por muitos países um grupo terrorista. A comunidade internacional exige que o partido islâmico reconheça Israel e renuncie à violência, condições que o Hamas não aceita.

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“Eu vim para expressar solidariedade ao povo de Gaza e dizer a eles que os ajudaremos com o processo de reconstrução”, disse Solana, em frente às ruínas da Escola Americana Internacional de Gaza, destruída por bombas israelenses durante a ofensiva de três semanas contra os militantes do Hamas no território. Na segunda-feira, doadores internacionais irão se encontrar no Egito para uma conferência sobre a reconstrução da Faixa de Gaza. Os palestinos pedem US$ 2,8 bilhões.

A Comissão Europeia informou hoje que tem promessas de doações de US$ 556 milhões para os palestinos em 2009, embora não esteja claro quanto deve ser destinado à Faixa de Gaza. Espera-se que os EUA contribuam com US$ 900 milhões na conferência da próxima semana, que contará com a participação da secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton.

Negociações

Ao mesmo tempo, Israel e o Hamas mantêm conversas, por meio de mediação egípcia, com o objetivo de conseguir uma trégua de longo prazo na Faixa de Gaza, após a ofensiva israelense contra o território que foi encerrada em 18 de janeiro. O Hamas quer que sejam abertos os postos de fronteira, uma medida que Israel diz que não irá tomar até que seja devolvido um soldado que está com o grupo islâmico desde junho de 2006.

O Hamas também mantém contato com seus rivais do Fatah, com o objetivo de pôr fim às lutas entre as facções, que culminou com a ruptura entre os dois partidos e a tomada de poder na Faixa de Gaza em junho de 2007. O objetivo é chegar a um acordo de divisão de poder para encerrar a rixa, que ameaça prejudicar a meta palestina de conquistar um Estado independente.