Um ano depois da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, que deixou mais de 1.200 mortos, não parece haver luz no fim do túnel para o impasse nas negociações entre israelenses e palestinos. O ano que terminou não levou os dois lados a se aproximarem e fortaleceu os pessimistas.

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O capítulo mais recente dessa novela foi o anúncio do primeiro-ministro Binyamin “Bibi” Netanyahu, feito em 25 de novembro, de que Israel congelaria por 10 meses as construções em assentamentos na Cisjordânia. Na região – onde moram cerca de 300 mil israelenses entre 2,3 milhões de palestinos – os palestinos pretendem declarar um Estado nacional, que também abrangerá Gaza e Jerusalém Oriental.

Mas a medida, pré-requisito imposto pelo presidente palestino Mahmoud Abbas para a volta das negociações, não causou o efeito desejado por Bibi. Para os palestinos, o congelamento, além de temporário, é parcial demais. Abbas exige que Israel suspenda toda a atividade na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental (onde moram 180 mil israelenses e 250 mil palestinos). Mas o anúncio de Netanyahu ignorou Jerusalém e manteve o que ele chama de ampliação “natural” das colônias – ou seja, respeitando o crescimento vegetativo das comunidades.

A proposta também não agradou à população israelense. De acordo com pesquisa do canal 10 de TV, só 31% dos israelenses aprovam o congelamento, sendo que nada menos do que 46% são contra a medida.

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Segundo o analista político palestino Ghassan Katib, a medida é apenas um artifício para debelar a crescente pressão internacional sobre a Israel. “O ‘congelamento’ exclui Jerusalém Oriental e seus arredores, num total de 22% da Cisjordânia e o foco da maior parte das atividades dos colonos. Ele também exclui cerca de 3 mil unidades residenciais previamente aprovadas e a construção de prédios públicos”, explicou Katib em artigo no site Bitterlemons, dedicado ao conflito no Oriente Médio.

Pressão

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Em entrevista ao jornal Haaretz, Abbas afirmou que, caso o premiê israelense aceitasse suspender totalmente a construção por seis meses, seria possível alcançar um acordo.

A medida também não foi vista com entusiasmo pela comunidade internacional. O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, parabenizou Bibi, mas deixou claro que o passo é insuficiente. O mesmo disse a secretária de Estado, Hillary Clinton. O presidente Barack Obama deu pouca atenção ao assunto.

Na Europa, o tom das reações foi mais enfático. Em dezembro, a União Europeia afirmou que não reconhecerá a presença israelense na Cisjordânia. Além disso, declarou que Jerusalém deve ser reconhecida, no futuro, como capital tanto de Israel quanto de um eventual Estado palestino.