A polícia do Nepal realizou na quinta-feira (19) uma grande operação contra tibetanos exilados no país e prendeu 650 pessoas que protestavam em frente à Embaixada da China, em Katmandu. A ação ocorreu dois dias antes da chegada da tocha olímpica ao Tibete, que fica na divisa com o Nepal.
Cerca de 20 mil tibetanos fugiram para o Nepal depois de 1959, quando um levante fracassado contra a China foi reprimido pelo Exército de Libertação Popular e levou ao exílio do dalai lama na Índia. Os tibetanos no Nepal realizaram protestos freqüentes nos últimos três meses, que terminaram na prisão dos participantes em algumas ocasiões. Mas nunca houve um número tão grande de detidos como o de quinta-feira.
A polícia também prendeu três líderes acusados de organizarem as manifestações e anunciou que eles serão processados sob a acusação de praticarem atividades "antichinesas". Os três deverão ficar detidos pelos próximos 90 dias.
As autoridades de Pequim pressionavam o país vizinho para colocar fim às demonstrações, uma fonte constante de constrangimento no momento em que a China tenta transmitir ao mundo uma imagem de unidade e harmonia. A prisão dos três líderes foi criticada pela Campanha Internacional pelo Tibete, com sede em Washington. Segundo a entidade, os tibetanos que vivem no Nepal estão "vulneráveis" e "nervosos" em relação à crescente influência da China no país.
Rebeldes maoístas foram os grandes vitoriosos das eleições para a Assembléia Constituinte realizadas no Nepal em abril, e deverão ser a principal força do novo governo que está em formação. Com isso, é provável uma aproximação ainda maior com as autoridades de Pequim.