Negociações sobre Chipre entram pela noite em Bruxelas

A zona do euro tentava obter um acordo sobre o resgate ao Chipre na noite deste domingo em Bruxelas, mas o caos político em Nicósia deixava dúvidas sobre a capacidade do governo de obter apoio a qualquer eventual pacto com seus credores externos.

A situação no Chipre provocou tensão na Europa no decorrer de toda a última semana, depois de seu Parlamento ter rejeitado um acordo de resgate de 10 bilhões de euros alcançado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os países da zona do euro. O acordo exigia a imposição de uma controversa taxa ao depósitos em poupança com o objetivo de estabilizar os dois maiores bancos da ilha mediterrânea.

A rejeição à taxa sobre os depósitos em poupança, no entanto, dificultou as comunicações entre a Europa e o Chipre. Autoridades em Bruxelas e outras capitais europeias queixam-se de estarem no escuro em relação aos planos do governo cipriota e temiam que a busca por alternativas não passaria de desperdício de tempo.

Na noite de hoje, autoridades do FMI e da zona do euro realizavam reuniões paralelas com o presidente cipriota, Nicos Anastasiades, e com seu ministro das Finanças, Michalis Sarris. Mas eles não têm muito tempo. Os bancos centrais da Europa advertem que interromperão a liquidez emergencial ao sistema bancário do Chipre amanhã à noite se até lá não houver um acordo, o que pode prolongar o fechamento dos bancos.

Os ministros das Finanças da zona do euro, que integram o chamado Eurogrupo, tinham uma reunião prevista para a tarde de hoje em Bruxelas, mas continuavam à espera do resultado das negociações entre Anastasiades, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, para saber se seria possível seguir adiante.

Na opinião do ministro das Finanças de Luxemburgo, Luc Frieden, a crise coloca em jogo não apenas o destino do Chipre, mas da zona do euro como um todo. “Nós precisamos ajudar Chipre, mas também a nós mesmos, pois a solução que encontrarmos para o Chipre pode ter grande implicação para outros países da zona do euro”, comentou Frieden, cujo país possui uma indústria financeira muito maior que a cipriota.

Por sua vez, o ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, observou que a crise do Chipre piorou ao longo da última semana e que as autoridades cipriotas precisam encarar a situação. “Os números não mudaram, de uma certa forma pioraram,” comentou Schäuble, ao se encaminhar para uma reunião do Eurogrupo, formado por ministros de Finanças da zona do euro, para discutir um possível acordo de resgate para o Chipre.

Em Nicósia, enquanto isso, os dois maiores bancos cipriotas, o Banco do Chipre e o Banco Popular do Chipre (também conhecido como Laiki) impuseram limites aos saques em seus caixas eletrônicos, disse hoje uma autoridade do Banco Central do Chipre. De acordo com Georgios Georgiou, o presidente de Comunicação do banco central, o limite para os dois bancos foi estabelecido em 100 euros (US$ 130) por dia.

Georgiou recusou-se a dar detalhes de outras medidas de controle de capital que podem ser colocadas em prática para evitar uma fuga maciça de depósitos. Os bancos do Chipre estão fechados desde o último dia 16 e há rumores de que o Laiki, o segundo maior do país, pode ser fechado. Os caixas eletrônicos de outros bancos do país não estão sujeitos a esses limites de saque, segundo Georgiou.

De acordo com fontes europeias, mesmo que um acordo seja alcançado nas próximas horas em Bruxelas, alguma forma de controle de capital precisará ficar em vigor por semanas ou até meses, até que os bancos cipriotas se estabilizem. As informações são da Dow Jones e da Market News International.

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