Negociações sobre caça as baleias entram em impasse

As negociações sobre o futuro da pesca comercial das baleias praticamente fracassaram hoje, com muitos membros da Comissão Internacional da Baleia (CIB) pedindo um período para se “esfriar os ânimos” antes da retomada do diálogo.

“A proposta sobre a mesa para este encontro é letra morta”, disse Gert Lindermann, comissário alemão na CIB. “Nós concordamos que precisamos de um período para ‘esfriar’, para concluir se há prontidão de fato para se buscar um compromisso.”

O principal negociador brasileiro no encontro, o diplomata Fábio Pitaluga, disse que era preciso “deixar o documento de lado no momento”. “Nós precisamos de uma pausa.”

O delegado dos EUA disse que houve “falta de habilidade” para se buscar um “novo paradigma” sobre o tema. Também afirmou que houve “falta de maturidade política” no processo.

Desde segunda-feira, os 88 membros da CIB debatem um rascunho que pode encerrar uma moratória de 24 anos na caça comercial à baleia pelos próximos 10 anos. Em troca, deve haver cortes progressivos no número de baleias mortas no período.

A Islândia, a Noruega e o Japão usam atalhos legais para caçar baleias, ignorando na prática a proibição em vigor desde 1986. Esses países caçaram mais de 1.500 baleias apenas na temporada 2008-2009. O Japão caça baleias todos os anos a título de pesquisa, mas essa carne acaba sendo comercializada.

As negociações vão até a sexta-feira e vários delegados concordam que não há praticamente nenhuma chance de se chegar a um acordo antes do fim do encontro. A negociadora japonesa, Yasue Funayama, concordou que “não há perspectivas para um acordo”. Segundo ela, a tentativa de alguns países de proibir todo tipo de pesca, liberando apenas a realizada por indígenas, “cria um impasse”.

O diplomata neozelandês Geoffrey Palmer criticou as conversas em tom “rancoroso, acusatório”. Segundo ele, a falta de uma reforma na CIB pode ser “fatal” para o organismo. “Esse tratado é sobre conservação de baleias…ou é um tratado sobre a exploração comercial das baleias?”, questionou. “E ele pode acomodar as duas visões?”, perguntou aos colegas de outros países. As informações são da Dow Jones.

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